Marcha contra a poluição
Algumas dezenas de pessoas manifestaram-se no domingo em defesa do Alviela
Debaixo de um sol abrasador, algumas dezenas de pessoas marcharam no domingo dez quilómetros entre Vaqueiros e a nascente do Alviela reclamando medidas que evitem mais atentados ambientais no rio.
Cerca de uma centena de pessoas marchou na manhã quente de domingo entre a aldeia de Vaqueiros (Santarém) e a nascente do rio Alviela, nos Olhos d’Água (Alcanena), em protesto contra os atentados ambientais que regularmente afectam aquele afluente do Tejo. A intenção foi chamar a atenção da opinião pública e do Governo para o investimento que é necessário fazer no sistema de tratameto de esgotos de Alcanena, que pontualmente descarrega no rio efluentes por tratar. A marcha de cerca de dez quilómetros, organizada pelo Partido Ecologista “Os Verdes” (PEV), contou com a participação do deputado Francisco Madeira Lopes, de dirigentes nacionais e regionais do partido e da associação ambientalista CLAPA, com sede em Pernes. O presidente da Junta de Freguesia de Vaqueiros, Firmino Oliveira (CDU), foi um dos autarcas da zona do Alviela que respondeu ao convite da organização. Mas entre os marchantes não se viram elementos das câmaras de Santarém e Alcanena. Apesar disso, Firmino Oliveira considera importantes estes actos simbólicos e acha que podem levar o Governo a dar respostas rápidas às questões que, há cerca de mês e meio, foram colocadas ao ministro do Ambiente, Nobre Guedes.O autarca quer ainda saber os resultados das análises feitas aos peixes que apareceram mortos no início de Agosto. “Estão a ser feitas no Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, em Lisboa, e custa-nos a crer que seja necessário mês e meio para isso. É preciso saber-se os resultados, porque está em causa a saúde pública e é preciso haver coragem política para tomar posições”. De camisola branca com a inscrição “Marcha pelo Alviela”, os participantes evidenciavam já alguma fadiga quando a reportagem de O MIRANTE os encontrou. A meta estava à vista, a pouco mais de um quilómetro. Algumas bandeiras desfraldadas sublinhavam a finalidade do evento. Uma espécie de peregrinação política e ecológica, de profissão de fé num Alviela despoluído. Alguns manifestantes preferiram deslocar-se a cavalo e poupar os pés, dando um toque pitoresco ao quadro.O presidente da Junta de Freguesia de Vaqueiros estava satisfeito com a adesão. “São manifestações do futuro. Cada vez há mais pessoas a conhecer o nosso problema e muitas delas vão querer voltar a frequentar esta zona tão bonita. Cada pessoa que ganhamos é um reforço para o nosso exército”, disse Firmino Oliveira, que há muitos anos vem protestando contra a mortandade de peixes no rio, provocadas pelo mau funcionamento do sistema de saneamento de Alcanena.A iniciativa de domingo, inserida na “Marcha pela Água” - que tem percorrido vários pontos do país visando alertar para a preservação deste recurso e para os perigos da privatização do sector -, foi agendada na sequência da morte de milhares de peixes este Verão.Manuela Cunha, da direcção de “Os Verdes”, disse à Agência Lusa que a marcha de domingo visou chamar a atenção para a necessidade de investir no sistema de tratamento de esgotos de Alcanena, no qual foram gastos, desde há duas décadas, alguns milhões de contos.Frisando que se trata de “um problema de saúde pública”, Manuela Cunha referiu também a penalização que estão a sofrer as freguesias atravessadas pelo Alviela, com enormes potencialidades naturais que não podem ser devidamente aproveitadas, tanto para a agricultura como para o turismo.
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