uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Maria Madalena Nunes

“A tolerância de ponto é uma injustiça. Enquanto os empregados de empresas privadas têm que trabalhar, lutar por um país melhor, os funcionários públicos ficam em casa ou vão de férias para o Algarve."

23 anos, empregada de pastelaria, Alpiarça

A tolerância de ponto decretada recentemente pelo Governo justifica-se numa altura destas?A tolerância de ponto é uma injustiça. Enquanto os empregados de empresas privadas têm que trabalhar, lutar por um país melhor, os funcionários públicos ficam em casa ou vão de férias para o Algarve. Não concordo que se dê um dia livre a milhares de funcionários quando o país está ainda a viver uma situação de crise. Para além disso estas medidas têm influência em muitos sectores privados que dependem, no todo ou em parte, do Estado. Concorda com o rumo que este Governo está a dar ao país?Estamos perante um Governo populista, que trabalha mais para a imagem do que para resolver os reais problemas daqueles que fazem andar o país, que são os trabalhadores. Não vejo o primeiro-ministro preocupado com o desemprego e com a melhoria das condições de vida dos portugueses. Costuma fazer a separação dos lixos?Na zona onde moro não há ecoponto onde possa depositar as embalagens, os vidros ou o papel. Por isso não faço a separação. Quando apelam às pessoas para separarem os lixos deviam também criar condições para as pessoas não terem que andar de carro pelas ruas à procura dos contentores. A justiça funciona em Portugal?É provável que cada vez existam mais casos em tribunal para resolver, mas não se justifica o tempo que se demora em muitas das situações. É incompreensível que alguns processos prescrevam. No entanto parece-me que as coisas melhoraram um pouco.Existem pessoas perfeitas?Cada um com o seu defeito é perfeito à sua medida (risos). A perfeição que vemos nas outras pessoas depende muito das nossas expectativas, dos nossos gostos e das nossas próprias qualidades e defeitos. As telenovelas são o melhor que a televisão portuguesa tem?Por enquanto o que ainda tem alguma qualidade nas televisões são os noticiários. As telenovelas só servem para passar o tempo e de algum modo divertir as mulheres, e alguns homens, no fim de um dia de trabalho. Quem trabalha numa pastelaria tem que ser guloso?Não! Mas confesso que estar diariamente em contacto com bolos, com doces, abre o apetite e pode levar-nos a cair na tentação. Não sou muito gulosa e, curiosamente, tenho mais vontade de comer guloseimas quando não estou em contacto com elas. Ainda é possível acreditar nas pessoas?Cada vez mais se torna perigoso confiar nas pessoas, sobretudo as que não conhecemos bem. A sociedade alimenta-se das desconfianças motivadas pela crescente perda de valores. Hoje muita gente não tem qualquer pudor em enganar alguém, mesmo que seja seu amigo. Qual é a pior coisa que lhe podem fazer?A mentira é algo que não aceito de forma nenhuma. Acho que nas relações entre as pessoas devemos ser honestos e sinceros. Devemos enfrentar a outra pessoa, olhá-la nos olhos e contar as verdades. Porque ao mentir não está a enganar apenas a outra pessoa, mas também a enganar-se a si próprio. Concorda que algumas penas de prisão sejam substituídas por penas de trabalho a favor da comunidade?O trabalho pode ser uma boa forma de reintegrar os delinquentes na sociedade. Por outro lado, ao serem condenados a trabalhar durante determinado tempo, em vez de irem presos, libertam-se as prisões e poupa-se dinheiro. Quem muito fala pouco acerta?Há muita gente que fala muito e de forma muito eloquente, mas no fim não diz nada que interesse. Os políticos, por exemplo.O que é preciso para se ter uma boa vida?É necessário ter algum dinheiro para adquirir as coisas essenciais, mas o fundamental é haver saúde. Porque sem ela a vida não tem alegria. De Espanha nem bons ventos nem bons casamentos?Esse é um ditado antigo que já não faz sentido nos dias de hoje. Já que Espanha está mais evoluída, tem uma qualidade de vida maior que a nossa, o custo de vida é mais barato e os ordenados são mais altos. Agora faz sentido dizer que os bons ventos sopram de Espanha.

Mais Notícias

    A carregar...