Têm em comum o branco dos cabelos e o gosto pela música. São seis intérpretes amadores da banda da Sociedade Filarmónica Recreio Alverquense (SFRA) e no sábado, 9 de Outubro, foram os heróis na cerimónia comemorativa dos 130 anos de vida da colectividade.Os músicos viram reconhecido publicamente o feito de terem dedicado 50 anos das suas vidas a uma causa nobre. Os “rapazes” com idades entre os 69 e os 81 anos receberam a medalha de mérito da Confederação das Colectividades de Cultura e Recreio e um caloroso aplauso de uma centena de convidados que foi insuficiente para compor o imponente auditório da SFRA.António Maria Baptista, Augusto Ferreira Alves, José Pena, José Ramos, José Carneiro e Luís Santiago formaram o sexteto de honra e receberam a mais alta distinção que se pode dar a um músico e que premeia meio século de dedicação. Num país onde se inventam celebridades e se criam heróis em cinco minutos, homens que dedicaram a maior parte das suas vidas a um bem da comunidade são os verdadeiros heróis, como salientou o representante do Governador Civil de Lisboa, José Ramos. Mesmo na condição de estrelas, os seis músicos não se livraram do recado do presidente da direcção. “Não se esqueçam de vir aos ensaios”, disse Sérgio Leitão.Monumento ao filarmónico A homenagem aos intérpretes não ficou por aqui. Antes da sessão solene, foi inaugurado no espaço exterior da sede da SFRA um monumento que perpetua a figura do músico amador. Uma torre em ferro suporta uma pauta e vários instrumentos e reconhece a importância dos amadores como agentes culturais. Augusto Ferreira Alves, o benjamim da banda com 81 anos, desfraldou a bandeira com a ajuda das presidentes da junta e da câmara. E porque a SFRA não teria vivido sem os seus sócios, foram destinguidos dois associados com 50 anos de ligação à colectividade. José Martins Baptista e José Norberto Torres Santos. A direcção contemplou também os sócios de mérito que pela sua colaboração se destinguiram dos restantes. Manuela Teixeira Osório, Maria Madalena Soares, Rosa Osório, António Chumbo, Carlos Borges, Joaquim Barrancos, Joaquim Agostinho e Paulo Rodrigues receberam a condecoração.A SFRA é uma colectividade ecléctica que movimenta centenas de praticantes em várias actividades. Banda filarmónica, orquestra ligeira, música popular, ballet, dança jazz, basquetebol, natação, ginástica, hidroginástica, xadrez e karaté são as ofertas da associação que possui uma sede moderna e funcional na Quinta das Drogas.O espaço envolvente ainda não está acabado, mas a presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira assumiu o compromisso de criar uma zona verde na próxima Primavera.Maria da Luz Rosinha enalteceu o papel de centenas de “carolas” que continuam a servir as causas públicas, muitas vezes ignoradas pelo Estado. Uma ideia reforçada pela secretária de Estado das Artes e dos Espectáculos, Teresa Caieiro que deixou abertura para novas parcerias com a SFRA para permitir trazer a Alverca espectáculos com as companhias e grupos residentes em Lisboa. A governante chegou já no final da cerimónia, mas ainda teve tempo para apelar à continuidade da direcção presidida por Sérgio Leitão porque o projecto da SFRA não terminou com a nova sede. No bloco de apontamentos oferecido pela presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, a representante do Ministério da Cultura deverá ter apontado que a SFRA ainda espera pela última tranche do financiamento da construção (62, 5 mil euros) e que a verba “faz falta como pão para a boca”.Nelson Silva Lopes