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Indomável Serafim das Neves

Com que então meninas de tabuleiro à cabeça com maminha e umbigo ao léu para dar lucro à festa de Tomar? Não é mal pensado não senhor. E já agora meninos de penduricalho ao vento e rabo à vela para atrair o público feminino que também gosta de pândega. A câmara municipal não tinha que gastar aquela tabuleirada de massa pública para pagar dívidas e mordomias, não senhor.É certo e sabido que tu ainda vais parar ao caldeirão da moral e bons costumes com ideias dessas. Num qualquer país de devassos e valdevinos sem vergonha como tu, a organização da Festa dos Tabuleiros tinha editado um calendário com moços e moçoilas em pelota fotografados com arte. Uma figuração da simbologia da festa. Um bodo aos nossos pobres olhos, mas como deve ser. Os latagões a representar os pães e elas a carne. Era uma fonte de receitas de alto lá com ela. Mas em Portugal…mas em Tomar…Esta falta de ousadia e de imaginação é adubada a ranço de qualidade extra com perfume de inquisiçãozeca, um travozito a enxaqueca e mil promessas de paraísos. O subsídio está assegurado à partida. Não falha. Os políticos lamuriam mas dão sempre. Fazem render a fruta. O dinheiro não lhes sai dos bolsos e à conta dele entram votos no viveiro eleitoral. Os de Tomar começaram pela fita do costume, que não pagavam nada, que mais isto e que mais aquilo. Enfim, música. Depois apareceram como salvadores da Pátria. Cometeram o acto heróico de salvar da extinção uma festa tradicional. Um património sagrado. A identidade de um concelho. Merecem ser reeleitos, carago! O presidente camarário, o senhor Paiva, um engenhocas que sabe muito da ingrícola, apressou-se a dizer que o dinheirito desviado do orçamento para pagar a desbunda gastadeira vai fazer falta para obras. Pois claro que vai, meu caro senhor. Tapa-se a cabeça e destapam-se os pés e quando se tapam os pés destapa-se a cabeça. É o princípio da economia. Os recursos são limitados. A única coisa que não tem limites é o apetite dos lambazes. Se eu pudesse transformava-os em mirmecófagos.Uns mirmecófagos do caraças são os autorizadores que autorizam a dependuração de cartazes de festas e festivais por todo o lado. Santarém está cheia de plásticos nos postes de iluminação a anunciar gastronomias sem fim. Aquilo é a poluição institucionalizada. Um lixo legalizado. Tanta exigência para algumas coisas e tanta ribaldaria para outras. Cartazes de plástico pendurados nos postes? Mas que raio de capital do gótico é esta!!?? Vão candidatar-se a Património Mundial da bagunçada??!! O presidente da câmara de Alpiarça iniciou com grande estardalhaço uma cruzada contra os cartazes postos à balda lá na terra. Começou pelos dos comunistas mas parou logo. Depois pegou nos das festas municipais e andou a espalhá-los pelos concelhos vizinhos. Quando lhe apertaram os calos meteu a cassete da legalidade. Os pendões foleirões tinham sido semeados com autorização das câmaras. Neste país de legalistas não há nada melhor para cilindrar o bom gosto e o bom senso que uma boa lei, embora um decreto bem esgalhado ou uma postura municipal de encomenda também façam o mesmo efeito.Um tabuleiro de abraços doManuel Serra d’Aire

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