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O “historiador” do Arripiado

O “historiador” do Arripiado

Quem quiser saber histórias do Arripiado, povoação ribeirinha da freguesia da Carregueira, o melhor é conversar com Norberto Gil. Nascido na aldeia há 75 anos, foi autarca durante 22 anos – “eleito por maiorias absolutíssimas” - comerciante, emigrante, músico, homem ligado ao desenvolvimento cultural da sua terra natal, seguindo as tradições republicanas do pai, Sebastião Francisco Gil, a quem se deve a criação da Sociedade Recreativa Arrepiadense e a construção do primeiro chafariz.“O meu pai foi vereador da Câmara da Chamusca na Primeira República, depois veio o 28 de Maio de 1933 e ainda teve uns problemas com a PIDE”, conta.Sebastião Gil levava o filho Norberto ainda bebé para assistir aos ensaios da banda – “a minha mãe dizia que eu ouvia mal de um ouvido por causa do clarinete”. O hábito e o ambiente que se vivia em casa, criaram em Norberto Gil o gosto o interesse pela música e, grosso modo, pelas coisas de cultura. “Aos 11 anos comecei a aprender violino. O meu pai tocava viola, mas o meu padrinho, também violinista, achou que eu devia seguir-lhe os passos”, conta.Tocou na tuna e anos mais tarde conseguiu formar a Orquestra Royal. “Fizemos um sucesso na região a animar os bailes. Não era qualquer aldeia que tinha uma orquestra”, lembra. Os instrumentos eram transportados à tarde na charrete de Sebastião Gil e os músicos chegavam de bicicleta. “Até tivemos uma orquestra de tangos, não era qualquer coisa. Os bailes eram muito concorridos, mas as miúdas eram difíceis, iam com as mães atrás...”Foi também o fundador do rancho folclórico e até aos 70 anos fez parte do grupo de músicos do rancho. “Depois cansei-me”.Mas mais do que a sua própria história, Norberto Gil gosta de falar da sua terra. Uma aldeia à beira do Tejo, com o castelo de Almourol ao fundo, que sempre primou pela educação. “Quase toda a gente trabalhava para a casa Sommer e ainda hoje se vê gente tirar o boné para cumprimentar quem passa”.Conhece a lenda da moura Ari, que foi presa com uma corrente a um pé pelo pai para contrariar o seu namoro com um jovem local, e sabe que daí deriva o nome da povoação. Evoca a história das minas de ferro que em tempos existiriam e fala com grande conhecimento de causa das melhorias feitas no Arripiado, nos anos em que foi autarca. “Criámos todas as infraestruturas”, afirma.
O “historiador” do Arripiado

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