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Precisamos urgentemente de um projecto para Santarém

“E Santarém? Santarém, se tivesse parado no tempo já era mau, mas pior que isso, retrocedeu. É aqui que vem ao de cima a minha mágoa, a minha tristeza, a minha rebeldia, a minha vontade de ajudar a inverter o processo decadente desta cidade, deste concelho. É nesta perspectiva que quero que interpretem estas minhas palavras, fundamentalmente como o despertar de consciências.”

Falamos de Santarém. Pensamos em Santarém. Reflectimos Santarém. Curiosamente, foi num dos meus momentos de reflexão que derivei para Santarém e deambulei através do tempo, numa análise que considero realista, apartidária, fria mas apaixonada.Apaixonada porque, muito embora não tenha nascido em Santarém, foi aqui que estudei, que investi e onde já há alguns anos desenvolvo a minha actividade profissional, mas sobretudo, porque é aqui que quero continuar orgulhosa e feliz da escolha que fiz.Comecei esta minha reflexão nos anos 70, quando Santarém era uma cidade com protagonismo, com visibilidade a nível nacional, enfim, era a Capital do Ribatejo, na verdadeira acepção da palavra. Uma cidade onde os estudantes povoavam as ruas de alegria, onde os cafés do Centro Histórico se enchiam porque as pessoas faziam daí, o seu ponto de encontro, onde a Feira do Ribatejo era um acontecimento a que ninguém ficava indiferente, onde as ruas tinham movimento de dia e de noite, onde as pessoas das povoações vizinhas recorriam para fazer as suas compras. Uma cidade com uma personalidade bem definida e respeitada, não só por ser o rosto de uma das regiões mais ricas do País mas porque, só por si, representava um património turístico/histórico de alguma relevância.Os anos passaram, e as coisas aconteceram, ou melhor, não aconteceram. E não aconteceram mas deveriam ter acontecido porque com o aparecimento do poder autárquico em liberdade, qualquer aldeia, vila ou cidade deu um salto qualitativo em termos do bem-estar e do desenvolvimento.E Santarém? Santarém, se tivesse parado no tempo já era mau, mas pior que isso, retrocedeu. É aqui que vem ao de cima a minha mágoa, a minha tristeza, a minha rebeldia, a minha vontade de ajudar a inverter o processo decadente desta cidade, deste concelho. É nesta perspectiva que quero que interpretem estas minhas palavras, fundamentalmente como o despertar de consciências.A Gestão Autárquica Democrática em Santarém foi ruinosa. A candidatura a fundos comunitários praticamente não existiu, o que além de ser irremediável, representa só por si uma desvantagem em termos de investimento/desenvolvimento no contexto nacional. Um projecto global de desenvolvimento do concelho nunca ninguém o fez, foram-se dispersando algumas obras que, pelo facto de serem feitas sem planeamento integrado, podem vir a prejudicar o futuro em termos de ordenamento do território. A reabilitação urbana do Centro Histórico não foi feita, o que obviamente levou à desertificação do mesmo. Até o saneamento básico, que na maior parte das autarquias foi obra prioritária, em Santarém está a ser feito agora no Centro Histórico, esse mesmo que, há uns anos, os nossos autarcas queriam que fosse Património Mundial.Património Mundial? Sem saneamento básico? Sem ordenamento? Sem recuperação urbanística? No meu entender um projecto perfeitamente megalómano, atendendo às condições existentes.Cumulativamente a tudo isto temos uma Câmara com uma situação financeira desastrosa. Mas onde estão as grandes obras desta cidade e deste concelho? Onde se gastou o dinheiro dos contribuintes? Duas boas perguntas que, infelizmente, ficam sem resposta.A hora é de reflexão, de preocupação, mas também de esperança no futuro. Falta aproximadamente um ano para as eleições autárquicas. É altura de pararmos para pensar e intervirmos de uma forma mais activa, manifestando no nosso querer e na nossa vontade o que desejamos para Santarém. A participação de todos os scalabitanos é fundamental, não podemos continuar a deixar hipotecar o futuro. A responsabilidade da situação que vivemos é de todos nós, não basta falar nas ruas, nos cafés, temos de dar um contributo mais positivo e mais produtivo.Na minha opinião temos de apostar num projecto, numa equipa que, com competência, coragem e determinação, consiga o saneamento financeiro da Câmara e simultaneamente planear, definir objectivos, projectar e programar no tempo os investimentos, os projectos que nos irão restituir a Capitalidade, o Desenvolvimento, a Prosperidade, a Visibilidade que esta cidade e este concelho merecem no contexto nacional.Em suma, PRECISAMOS URGENTEMENTE DE UM PROJECTO PARA SANTARÉM.* Empresária; Vice-Presidente da A.C.E.S.; Autarca

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