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Eucalipto a perder terreno

Responsáveis florestais empenhados na diversidade florestal, em nome do ambiente

A monocultura, sobretudo de eucalipto, tem efeitos negativos no ambiente. Na região, os responsáveis florestais estão preocupados, mas consideram que o panorama está a melhorar bastante.

No distrito de Santarém há muitas manchas florestais ocupadas por eucaliptos. Mas já foram mais. Tem havido nos últimos tempos uma preocupação em reduzir as áreas de monocultura para reduzir os efeitos prejudiciais no meio ambiente. A mais recente preo-cupação tem a ver com a poluição orgânica dos rios e ribeiros. Segundo um estudo de Manuel Augusto Graça, investigador da Universidade de Coimbra, a monocultura de eucaliptos é negativa para a densidade e diversidade de pequenos seres vivos nos cursos de água. Isto para além de reduzir a capacidade de decomposição da matéria orgânica vegetal. O especialista considera que a decomposição de detritos florestais e folhas é afectada pelos eucaliptos. Para chegar a esta conclusão verificou que os nutrientes contidos nas folhas e outras matérias vegetais não são devidamente reciclados pela acção conjunta de microrganismos, como hifomicetes aquáticos e invertebrados. Na região não há conhecimento de casos destes, segundo o responsável florestal da Associação de Agricultores de Abrantes, Constância, Sardoal e Mação. Mas Luís Damas ressalva que tem havido uma tendência crescente para evitar fazer plantações junto ou nas margens de linhas de água. Tal como tem sido feito um esforço para reduzir as extensões contínuas de eucaliptos ou outras espécies. A situação é confirmada por Rui Igrejas, da Associação de Agricultores da Charneca, sedeada na Chamusca. O engenheiro sublinha que qualquer monocultura tem aspectos negativos. Por isso, depois dos grandes incêndios que afectaram o concelho da Chamusca, a reflorestação passa pela introdução de espécies diferentes, como o sobreiro, o carvalho, entre outras. Tal como Luís Damas, o técnico da Chamusca considera que a existência do eucalipto na região não é preocupante, desde que use o espaço de forma equilibrada. O engenheiro da associação da zona norte do distrito considera, no entanto, que muitas das vezes só se fala do eucalipto, quando outras espécies, em povoamentos extensos, têm os mesmos problemas. E dá como o exemplo o pinheiro. Por isso, os dois técnicos defendem um equilíbrio na plantação de árvores e garantem que há um empenhamento para que as manchas florestais sejam as mais diversificadas possíveis. Mas isso não se faz de uma dia para o outro. Apesar dos inconvenientes e prejuízos sociais e económicos dos fogos do ano passado, o certo é que eles vieram criar a oportunidade de mudar alguma coisa. Pelo menos nas áreas ardidas.

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