“A melhor feira de Portugal”
Veiga Maltez é um entusiasta do São Martinho e vai fardar-se a rigor
O que representa para si o São Martinho?Representa uma época de bem estar, de euforia e de aporte económico para a Golegã. A Feira de São Martinho, para mim, é outra coisa. Algo que chegou até as nossos dias como uma tradição cultural. É a decana das feiras portuguesas e chegou aos nossos dias por ser um espectáculo verdadeiro e lídimo, pela sua carga e pelo seu conteúdo. É a verdade do campo. É a verdade da nossa cultura que se exalta nesses dias.Feira de São Martinho ou Feira Nacional do Cavalo?Vigésima nona Feira Nacional do Cavalo, sexta Feira Internacional do Cavalo Lusitano, mas sobretudo Feira de São Martinho. A melhor feira do género em Portugal, e quase no mundo, e única feira franca destas dimensões no país, porque não se pagam entradas.Vai-se vestir a rigor?Como sempre. Já me vestia quando tinha quatro anos, porque é que não hei-de continuar?Na sua perspectiva, não só de autarca mas também de cidadão e de entusiasta da feira, o que é que pode ser alterado ou melhorado no figurino do certame?Muita coisa foi melhorada desde que nós entrámos. Mas é bom que se diga que a feira já tinha atingido um nível muito digno, através da comissão que a organizava. Havia certas situações que tinham de ser melhoradas. Como a do trânsito. O que mudou?Havia uns monos de cimento que não deixavam as pessoas chegar à feira, só passava quem tivesse livre trânsito. Hoje estamos a retirar cada vez mais zonas sujeitas ao livre-trânsito. É mais fácil chegar à feira?Sim. Antes, era difícil a pessoas de idade chegarem à feira. Os carros tinham de ficar muito longe. Isso melhorou muito. As atrelagens dentro da feira também andavam de forma anárquica e hoje são obrigadas a cumprir um sentido. São matriculadas e o pagamento desse registo inclui um seguro.A segurança é uma preocupação?Claro. Foi por isso que retirámos alguns bares dos acessos à feira pois poderiam colocar em perigo um corredor de emergência. Porque esta feira tem tanto de bom como de perigo iminente por aquilo que aqui se passa. Por vezes isto é pólvora, só falta incendiar o rastilho. Por vezes é preciso ter postura e educação para montar um cavalo e não passar por cima dos outros.Há excessos?Há excessos. Houve alguém que os adquiriu de uma forma muito rápida e não se preparou para os ter. Misturado com a alcoolemia, que é própria destes eventos, imaginem os cuidados que é preciso ter para que isto corra muito bem. Esse grau de exigência também atinge os restaurantes?A exigência que conseguimos foi para dignificar a feira. Não faz sentido que se abram restaurantes que não têm as condições higio-sanitárias, porque quem vem à Golegã tem de ser bem servido para evitar, quanto mais não seja, que saiam daqui com gastroentrites.Qual é a intervenção da câmara a esse nível?Temos uma equipa de fiscalização, que, após vistoria, só autoriza quem tem condições. Claro que há sempre um ou outro que se vão impondo à revelia, mas cada vez são menos os casos.Houve também um incremento das vertentes técnica e cultural.Sim. Já fizemos o simpósio internacional sobre o cavalo lusitano, fizemos congressos e simpósios sobre uma série de coisas e este ano vamos contar com outra coisa importante que são as exposições, de pintura, de escultura, cujo tema é obvio. Serão quase uma dezena. Estamos a apostar francamente nisso.A feira do rei cavaloEstá tudo a postos, no Largo do Arneiro, na Golegã. As boxes e stands estão montados para mais uma Feira Nacional do Cavalo, Feira Internacional do Cavalo Lusitano e Feira de São Martinho, que se inicia sexta-feira, 6 de Novembro.O cavalo e os desportos equestres são os pratos fortes, mas nos últimos anos a estas actividades alia-se um programa cultural que inclui diversas exposições plásticas, sob a temática do cavalo, e alguns serões musicais. O resto é o passear no Arneiro, provar a agua-pé, alguma ainda meio cozida, comer e sentir o cheiro das castanhas a estalar nos assadores de barro. Para além do Largo do Arneiro, as provas equestres realizam-se noutros locais. No dia de abertura a Quinta de Santo António recebe o Concurso Nacional de Atrelagem, prova A (ensino). E duas exposições são inauguradas na galeria de exposições temporárias do edifício Equuspolis. No sábado, é a vez de Serrão de Faria abrir o seu atelier, na Azinhaga, para a inauguração da sua exposição de pintura a óleo e aguarela. Na sede de concelho prosseguem, no Largo do Arneiro, as provas equestres e, na Quinta da Labruja, o concurso nacional de atrelagem, prova B (maratona). Os adeptos de outros desportos podem assistir, no campo de ténis da vila, ao início do VI Open da Golegã, torneio que continua nos dias 7, 11, 13 e 14.As provas equestres continuam, no domingo, na Quinta de Santo António, com mais uma etapa do concurso nacional de atrelagem (maneabilidade-cones) e no Arneiro prosseguem os concursos de saltos de obstáculos e gincana para jovens.A feira faz uma pausa de domingo a quarta. No dia 10, véspera de São Martinho, as atenções viram-se para a Quinta de Santo António, onde decorrem os concursos de dressage nacional, equitação à portuguesa e o troféu nacional de ferradores. À noite, no picadeiro central do Largo do Arneiro, a assistência pode apreciar as provas de equitação à portuguesa e de ensino, com música.Na quinta, as provas de dressage prosseguem na Quinta de Santo António e no Arneiro. Além do XLV Concurso Nacional Oficial de Apresentação do Cavalo de Sela serão apresentados também a concurso os poldros de 3 anos (à mão) e 4 anos (montados). A terminar a noite dois espectáculos: uma reprise do Conjunto do Curso de Equinicultura da Escola Superior Agrária de Santarém e do Centro Equestre da Lezíria Grande.Para o início da tarde de sexta-feira, 12, está programada a final do campeonato de equitação de trabalho (na Quinta de Santo António), que continua na tarde de sábado, e a Festa de Campo (na Quinta da Cardiga), enquanto no Arneiro se entregam os diplomas e prémios dos participantes e vencedores das provas. À noite há exibição da Escola Portuguesa de Arte Equestre, meias-finais da Taça de Portugal de Horseball e a apresentação oficial da castanha assada. Ainda na mesma noite, no Picadeiro Lusitanus, haverá um concerto de guitarra portuguesa por Silvestre Fonseca.O concurso de elegância de atrelagem, a final de horseball, o concurso da melhor água-pé e provas de perícia e destreza preenchem a noite no Largo do Arneiro. O Picadeiro Lusitanus volta a reabrir para um jantar de gala, findo o qual haverá um leilão de cavalos e um espectáculo musical designado “Alma Lusitana de São Martinho”.Por último, no domingo, 14, no Largo do Arneiro, logo de manhã começa o derby de atrelagem e à tarde realiza-se a cerimónia oficial de distribuição dos prémios. Depois é a vez dos campeões da raça desfilarem, da final do campeonato nacional de equitação de trabalho (velocidade), da recepção às amazonas e cavaleiros e, por fim, o desfile de condutores de atrelagem, amazonas e cavaleiros, vestidos com o traje português de equitação.
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