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“Politiquice, populismo e demagogia”

“Politiquice, populismo e demagogia”

Presidente da Câmara de Alcanena critica assembleia pela rejeição de aterro para lixos perigosos

A rejeição, pela Assembleia Municipal de Alcanena, da instalação de um aterro para resíduos perigosos no concelho pode pôr em causa o futuro da indústria de curtumes na zona. O presidente da câmara lamenta a decisão que diz ser eivada de populismo e demagogia.

O presidente da Câmara de Alcanena, Luís Azevedo, responsabiliza a assembleia municipal por tudo o que vier a suceder de mau no concelho em termos ambientais. A reacção do autarca, eleito pelo movimento Independentes pelo Concelho de Alcanena (ICA), surge na sequência da rejeição, pela assembleia, da possibilidade de instalação no concelho de um aterro para resíduos industriais perigosos.Luís Azevedo lamenta a posição desse órgão e diz que “as intervenções realizadas no decorrer da discussão do assunto na assembleia municipal”, realizada a 9 de Novembro, “escudaram-se em argumentos eivados de populismo e demagogia”. A decisão da assembleia, segundo o presidente da câmara, “põe em causa todo o processo integrado de resolução dos problemas referidos e, mais grave, põe em causa a sensibilidade ambiental do concelho”.A instalação do CIRVER (Centro integrado para recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos) em Alcanena era vista pelo autarca como uma forma de se solucionar o problema dos resíduos perigosos da indústria de curtumes do concelho, dando o encaminhamento mais correcto às chamadas raspas azuis. E abria ainda a possibilidade de se resolverem alguns dos problemas estruturais no sistema de tratamento de Alcanena, como a reabilitação da rede de colectores de saneamento.Numa nota de imprensa emitida no dia seguinte à decisão da assembleia, Luís Azevedo fala em “questões de mera politiquice” para justificar o desfecho e reafirma que essa solução não significaria nenhum agravamento das actuais condições ambientais do concelho.“Atrevo-me mesmo a considerar que a decisão tomada põe em causa a viabilidade do sector industrial mais representativo do concelho”, vaticina Luís Azevedo, acrescentando: “Não sendo o CIRVER instalado em Alcanena, os resíduos terão de ser colocados noutro local e os problemas de Alcanena ficam exactamente na mesma: não resolvidos”.Apesar do movimento ICA, que Luís Azevedo liderou nas últimas autárquicas, ter maioria significativa na assembleia municipal a proposta da câmara acabou chumbada por alguns elementos do próprio ICA, que se aliaram à oposição composta por PS, PSD e CDU. Uma situação que não era esperada pelo autarca que ficou visivelmente desapontado.Os argumentos contra o CIRVER começaram a ser debitados antes da assembleia. Na reunião de câmara de 2 de Novembro, onde o assunto foi discutido e aprovado, a vereadora do PS Fernanda Asseiceira votou contra e manifestou-se contra a instalação desse equipamento perto da vila, na zona onde já existe um aterro para resíduos industriais banais.Foi ainda contestada a alegada pouca transparência do processo, com a CDU a juntar-se ao PS no coro das críticas. Alegaram que não houve discussão pública do projecto nem estudos que avaliassem os impactos no ambiente decorrentes da instalação desse equipamento.A CDU argumentou ainda que o aterro não iria receber uma grama de resíduos do concelho, pois as raspas azuis não estão catalogadas como lixos perigosos. Há a possibilidade de serem revistas as reclassificações e de virem a ser catalogadas como tal, como lembraram os defensores do projecto, mas à data da decisão não havia certezas.
“Politiquice, populismo e demagogia”

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