Produtores da beterraba temem restrições
Portugal e outros nove Estados-membros entregaram, na segunda-feira, uma carta à Comissão Europeia criticando as propostas para a reforma dos subsídios à produção de açúcar, que acusam de ter “efeitos devastadores” para milhares de trabalhadores e para a agricultura.O assunto foi discutido no conselho de ministros da Agricultura da União Europeia e está envolto em polémica, pois a Comissão Europeia propõe uma liberalização do mercado, a par de fortes cortes nas quotas de produção açucareira (16 por cento) e nos preços pagos aos produtores de beterraba.A missiva entregue pelos dez estados-membros, apelida de “radical” a reforma da Organização Comum de Mercado (OCM) do açúcar pretendida por Bruxelas, por ter “sérias consequência” para agricultores e empresas do sector e irá resultar “na concentração da produção de beterraba e de açúcar em alguns Estados-membros”.“Acreditamos que a distribuição da produção deve manter-se por todo o território comunitário (...) por razões ambientais, económicas e sociais. Se tal não for o caso, haverá sérias consequências não só do ponto de vista agronómico, considerando que a beterraba representa uma importante colheita rotativa, mas será ainda a causa da perda de milhares de postos de trabalho dificilmente substituídos”, lê-se no documento.As reduções chegam aos 37 por cento nos valores pagos aos produtores e aos 33 por cento do preço de referência do produto.A carta é dirigida à nova comissária europeia da Agricultura, a dinamarquesa Mariann Fischer Boel, e é assinada pelo ministro da Agricultura português, Carlos Costa Neves, e pelos seus homólogos da Espanha, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Eslovénia, Finlândia e Hungria.Os ministros não vêem “qualquer razão” para que a produção de beterraba e de açúcar cesse nos países onde está “estabelecida de forma coerente”, propondo por isso que a reforma passe por uma redução do preço institucional “significativamente” menor e mais gradual em relação ao proposto por Bruxelas.Portugal considera “dramáticas” as propostas de Bruxelas, que poderiam conduzir ao fecho da única fábrica de produção de açúcar portuguesa, em Coruche, dimensionada para 100 mil toneladas anuais quando o país só tem uma quota de açúcar de cerca de 70 mil, o que constitui uma das mais baixas da Europa.
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