A fragilidade do sistema
Santarém não tem a gran-diosidade e dignidade de Braga porque tem tido ao longo dos tempos uma gestão autárquica desastrosa, sem competência e sem capacidade para explorar as suas reais potencialidades. Uma gestão autárquica incapaz de a projectar como uma grande cidade histórica ajustada às necessidades do presente.
Este fim-de-semana tive a oportunidade de conhecer pormenorizadamente Braga, uma cidade com características e potencialidades de base muito semelhantes a Santarém.Braga ladeia a Área Metropolitana do Porto, Santarém a Área Metropolitana de Lisboa, as duas cidades têm um património histórico/cultural valioso, são ambas cidades de interior com boas acessibilidades e governadas por autarcas do Partido Socialista há longos anos. Mas as semelhanças terminam aí. Braga é uma cidade com um Centro Histórico digno de qualquer cidade do mundo, com vida própria, boas esplanadas, bons espaços comerciais, jardins devidamente cuidados, edifícios históricos e património histórico/cultural perfeitamente reabilitados.E Santarém?Braga é uma cidade com parques de estacionamento aéreos e subterrâneos bem sinalizados e bem enquadrados.E Santarém?Braga é atravessada por rodovias subterrâneas e aéreas que dão ao trânsito um ordenamento digno de uma grande cidade.E Santarém?Braga tem um parque escolar, nomeadamente universitária excelente, e é um pólo empresarial de sucesso.E Santarém?Santarém não tem a grandiosidade e dignidade de Braga porque tem tido ao longo dos tempos uma gestão autárquica desastrosa, sem competência e sem capacidade para explorar as suas reais potencialidades. Uma gestão autárquica incapaz de a projectar como uma grande cidade histórica ajustada às necessidades do presente.Senti-me feliz a deambular no Centro Histórico de Braga. É aquela realidade que eu e todos os Scalabitanos sonhamos para Santarém. É gratificante constatarmos “in loco” que temos bons governantes, bons autarcas. Parabéns Sr. Eng. Mesquita Machado.De volta a Santarém senti-me deprimida, mas como não tenho características depressivas e sou demasiado extrovertida e determinada para me deixar abater pelo infortúnio, parei, pensei um pouco, reflecti na forma possível de “dar a volta” a este concelho, a esta cidade, e cheguei à conclusão que, para que isso aconteça há dois intervenientes neste processo que têm de mudar radicalmente a sua postura habitual – os políticos e os munícipes.Da parte dos políticos tem de haver uma grande consciencialização da situação real. Eles têm de saber onde estamos e onde queremos chegar para traçarem o melhor caminho.No que se refere aos munícipes acho que não devem contextualizar a politica no mesmo patamar do futebol, onde se nasce, cresce e morre Sporting ou Benfica. Com os partidos políticos temos de ter outro desprendimento, não podemos nem devemos ficar prisioneiros da sigla partidária. Muito particularmente nas eleições autárquicas temos de dar um enfoque especial às equipas e aos projectos. A sigla partidária tem de ter um papel muito secundário. Não é a sigla que resolve os nossos problemas, são as pessoas e o que elas representam. Temos de escolher a equipa mais Competente e com mais Capacidade, e não o partido A ou B.Se em Outubro de 2005 os partidos políticos puserem de parte o clientelismo e apostarem na capacidade das equipas e na competência das pessoas. E se os munícipes “se despirem” dos preconceitos das siglas e escolherem o projecto mais credível teremos certamente o princípio de uma caminhada que nos levará àquilo que todos merecemos. O desenvolvimento e a dignificação da cidade e do concelho de Santarém.*Empresária, vice-presidente da ACES, autarca
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