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Um trabalho que exige inspiração e criatividade

Ana Isabel Torrado é designer gráfico na Câmara de Abrantes

Serão poucos os que se gabam de fazer o que gostam, no local que apreciam e na cidade que escolheram. Mas é exactamente isso que faz Ana Isabel Torrado, designer gráfico na Câmara de Abrantes, sentir-se como peixe na água em termos profissionais.

Ana Isabel Torrado sempre teve gosto pela área das artes. Mas foi só quando chegou ao secundário que começou a aperceber-se do que era o design. Depois de obter algumas informações sobre a profissão, decidiu que esse era o seu futuro.Os pais apoiaram-na sempre, embora na hora do ingresso no ensino superior tivessem preferido que seguisse uma carreira na área da arquitectura, profissão mais “tradicional”.Estudar nunca foi um bicho-de-sete-cabeças, mesmo com cadeiras complicadas como geometria descritiva e analítica. “Era um gosto estudar e fazer os trabalhos práticos”, confessa a designer.Ana Isabel é uma jovem concretizada. Ao contrário dos que ao domingo já estão com o stress pela semana de trabalho que têm pela frente, a designer espera ansiosa pela segunda-feira.“Venho sempre contente”, diz quem faz o que gosta, no local de trabalho que aprecia e na cidade onde sempre quis viver. Uma mulher feliz, que se nota no sorriso contagiante e no olhar sereno.Entrou na Câmara de Abrantes através de uma candidatura e o seu primeiro trabalho foi feito na Divisão de Cultura. Menos de dois anos depois estava já a trabalhar no serviço de divulgação e informação da autarquia, sendo responsável por boa parte dos cartazes a anunciar espectáculos culturais e desportivos do município.A principal arma de Ana Isabel Torrado é a criatividade. E qualquer coisa serve para a pôr em prática. Pode ser um cheiro, uma pessoa, um local. É por isso que para onde quer que vá leva sempre o seu pequeno caderno de anotações.E não são raras as vezes que acorda a meio da noite com uma ideia para um cartaz, um programa ou desdobrável. “Nessas alturas agarro no caderninho, que deixo em cima da mesa de cabeceira, e anoto toda a ideia de modo a que ela não fique esquecida no dia seguinte”. Como diz a designer, a inspiração não tem hora certa para aparecer.Há trabalhos que sabe ter de fazer todos os meses como a agenda ou os catálogos para exposições ou para a galeria cultural. Depois há outros que aparecem por acréscimo. E são esses que dão sempre mais trabalho, mas também maior gozo. Porque são para situações pontuais, temporárias e por isso os prazos de realização são curtos. É a criatividade a trabalhar a 200 por cento.Um designer gráfico tem de jogar com várias coisas quando está a fazer um cartaz – tem de jogar o grafismo com a informação escrita, as cores com o tipo de espectáculo que se está a divulgar e o poder que ele poderá ter em termos de atracção visual.Há quatro anos a trabalhar na câmara, Ana Isabel Torrado confessa que até agora todos os trabalhos lhe deram gozo, embora haja diferenças entre eles. “Cada trabalho é um desafio”, embora concorde que às vezes olha para a finalização de um cartaz e pensa que poderia ter feito melhor. Se tivesse mais tempo para o realizar, para pesquisar, se o tema fosse mais atraente. Apesar dos “ses” que muitas vezes surgem, a designer olha sempre com orgulho para o trabalho feito.Entre mãos tem actualmente o trabalho que é porventura o mais interessante que alguma vez fez. Um livro a editar pela autarquia que se chama Cronologia de Abrantes do Século XIX. Porque a obrigou a fazer muita pesquisa e porque aprendeu muitas coisas, porque teve de ler o texto antes de passar à ideia gráfica.Pelo meio vai fazendo coisas mais simples. Como o desdobrável que lhe pediram para fazer sobre o que Abrantes tem de bom. O texto foi entregue em Word ao mesmo tempo que lhe dizem que o objectivo é fazer um desdobrável para “vender Abrantes o melhor possível”.A designer pega no texto, escolhe o formato que pensa vender melhor. Fala com o fotógrafo, um dos grandes apoios de quem anda na actividade, e pede-lhe fotos alusivas à gastronomia, eventos, cultura e paisagens. E passa à fase da paginação, desenrolando tudo a partir dali.O cartaz mais artístico que já fez foi para um escritor – José Alberto Marques - que recorreu à câmara para fazer o cartaz e o convite para o lançamento do seu livro. “Comecei logo a pensar no que iria fazer, porque não queria pôr simplesmente a foto do escritor”.Decidiu pôr o cartaz todo de amarelo, com um L gigante a branco, que ocupava quase todo o espaço. No fundo, a letras pequenas a informação básica – o nome do autor, a data e o local de lançamento do livro.Ficou com receio de que o escritor não gostasse, mas José Alberto Marques percebeu de imediato a mensagem que Ana Torrado quis transmitir: L de ler, L de livro, L de lançamento. E foi assim que o cartaz saiu para a rua.Margarida Cabeleira

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