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Guerra política na Golegã

Retirada de pelouros a vereador socialista gera interpretações diferentes

O presidente da Câmara da Golegã e o seu ex-vice-presidente não se entendem. Nem sequer sobre a retirada ou abandono de pelouros deste último. Um episódio de menor importância que destaca o clima aparente de guerrilha política que se vive no seio do executivo.

O presidente da Câmara Municipal da Golegã, Veiga Maltez, e o vereador Vítor Guia – ambos eleitos pelo PS - têm entendimentos diferentes sobre a redistribuição de pelouros originada pela aposentação do vereador e ex-vice presidente da autarquia. Veiga Maltez diz que retirou os pelouros ao seu antigo braço direito, enquanto este afirma que foi ele próprio quem os entregou ao edil. Duas actas, de reuniões do executivo distintas, acabam por fundamentar as posições de cada uma das partes. O caso morreria aí, não fosse o clima de aparente guerrilha política que se vive na “capital do cavalo”, que já está a gerar fracturas no PS local e pode fazer correr muita tinta até às próximas autárquicas.Vítor Guia, em entrevista a O MIRANTE, publicada na última edição, fez questão de dizer que tinha entregue os pelouros que detinha naquela autarquia por discordar da forma como Veiga Maltez vinha gerindo o município. Acusou mesmo o presidente de falta de lealdade e de omitir informação. Essa foi a resposta à letra a uma outra afirmação proferida pelo presidente da câmara em entrevista anterior também ao nosso jornal e que não gostou nada de ler. Referindo-se a Vítor Guia e à redistribuição dos pelouros, Veiga Maltez limitou-se a dizer que se tratava de uma remodelação “que já estava prevista pelo próprio Vítor Guia, que no início não tinha a certeza de ficar até ao fim do segundo mandato” Veiga Maltez considera que teve “cuidado” nas afirmações que proferiu “para não ferir ninguém” e insurgiu-se com as declarações de Vítor Guia, classificando-as de inverdades. Nesta “guerra” de versões, para o presidente a verdade é só uma: foi ele que retirou os pelouros ao ex-vice presidente e suporta a afirmação na acta da reunião de 2 de Junho. Nessa altura, Vítor Guia estava de baixa por motivo de doença. O que, para Veiga Maltez, “potenciou o completo abandono” dos pelouros do Desporto e Tempos Livres e dos Transportes. Uma constatação polémica que terá levado Veiga Maltez a “chamar a si a tutela” de pelouros que “exigem uma gestão permanente e cuidada, o que não se tem vindo a verificar de há muito a esta parte”. Do ponto 7.5 da mesma acta é ainda afirmado que Vítor Guia não informava o presidente das actividades e tarefas que lhe foram atribuídas “em confronto com o imperativo legal consagrado no art.º 69 da Lei n.º 5-A/2002, de 11 de Junho”. Não seria preciso muito mais do que estas palavras lavradas em acta para se perceber que o caminho comum dos dois autarcas da Golegã chegara ao fim.Na entrevista O MIRANTE Vítor Guia não mencionou esta reunião. O suporte para as suas afirmações foi a acta de uma outra reunião realizada a de 7 de Julho em que “comunicou ao restante executivo a sua aposentação, tendo colocado à disposição do senhor presidente os pelouros que ainda detinha, deles se desligando formalmente”. Uma consequência irremediável da desautorização de que fora alvo pelo seu anterior companheiro de jornada.Na opinião de Vítor Guia este foi o acto derradeiro e a decisão de “entregar os pelouros” pondo-os à disposição do presidente Veiga Maltez, foi sua. Mas o cenário já tinha começado a ser construído por outras mãos. Quanto tempo antes, não se sabe ao certo. A verdade é que, em Junho, Veiga Maltez deu cariz público às divergências retirando ao então vice-presidente dois dos pelouros que lhe estavam atribuídos. A partir daí a história estava traçada. E aparente a guerra entre os dois autarcas socialistas poderá continuar, em enquadramento privilegiado: as eleições autárquicas de 2005. Seja no palco ou nos bastidores.

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