O regresso da cantora de Almeirim
Novo CD de Cristina Branco à venda desde segunda-feira
Cristina Branco já tem nas montras o seu novo disco, “Ulisses”, onde a cantora de Almeirim interpreta, em várias línguas, temas de autores consagrados.
O novo disco de Cristina Branco, “Ulisses”, lançado segunda-feira, foi definido pela própria como “um disco de viagens, encontros e desencontros”. A cantora de Almeirim interpreta temas em inglês, francês, espanhol e português, nomeadamente inéditos de Vasco Graça Moura, do pintor Júlio Pomar, Vitorino ou de José Luís Gordo.“Procurei fazer uma viagem interior às minhas influências musicais que passam pela canção francesa, África e também a América Latina e necessariamente o fado”, disse Cristina Branco à agência Lusa.Para além de versões de temas anglo-saxónicos e latino-americanos, casos de “A case of you” (Joni Mitchell), “Alfonsina y el mar (Ariel Ramirez/Feliz Luna), a cantora recria temas de José Afonso (“Redondo vocábulo”), Fausto (“Porque me olhas assim”) e Amália Rodrigues (“Adeus português”).“Este CD é um disco de ruptura, de desencontros e reencontros a nível interior, psicológico, comigo própria”, disse a cantora que assegura que em toda a discografia é este onde há uma “menor participação do fado”.Cristina Branco afirma que há fado nos seus concertos, onde conta uma história, mas não se considera “uma cantora de fado” até porque o fado “se encerra em si mesmo” e “há necessidade de universalizar a música, procurar contactos e conexões”.A cantora afirma querer “perceber o que é este fenómeno do fado, o porque de tudo isto em torno do fado”, porque “os portugueses gostam de fado”, mas encarando-o como uma busca pessoal “e não indo a colóquios ou debates” sobre a canção de Lisboa.Aliás, a criadora de “Cristal” (Vasco Graça Moura/Custódio Castelo) considera que “actualmente toda a gente (em Portugal) fala sobre fado, todos percebem de fado”, mas tal acontece “quando o resto do mundo acha que o fado já deu”.Cristina Branco afirmou que só irá “perceber melhor o fado” quando o encarar de um ponto de vista seu.Outra referência na música de Cristina Branco é a guitarra portuguesa, “mas tocada por Custódio Castelo”. Para a artista, até seria possível interpretar composições de outros guitarristas, “mas cantar é diferente e só com o som que o Custódio consegue da guitarra”.Este instrumento fascinou-a a primeira vez que o ouviu ao vivo, “numa festa de fados no Ribatejo” onde pela primeira vez foi desafiada para cantar.Desde 1998, gravou já oito discos, incluindo “Ulisses”, recebeu prémios e muitos aplausos das plateias estrangeiras. Cristina Branco reconhece que o seu trabalho “tem pouca visibilidade entre o público português” mas acredita que está mudar: prova disso “são os sete concertos agendados este ano, o que é absolutamente inédito”.“O meu público português é restrito e agradeço-lhe muito a simpatia”, afirmou em declarações à Lusa.Relativamente a um certo alheamento dos portugueses, a cantora afirmou à Lusa: “parto do princípio que era cá que devia ter começado.Se não foi é porque não havia interesse.” “Nós, os portugueses, estamos mais interessados em coisas mais de pastilha elástica, de consumo rápido, numa música que sai nas capas de revista e não é a minha música”, rematou.Segundo Cristina Branco, “não há uma categoria” onde enquadrar a sua música, excepto “talvez na world music”. A música que faz, e que qualifica de “paixão”, não lhe permitia sobreviver em Portugal pois “não teria mais de dois ou três concertos”.“Ulisses” conta com a participação musical de Custódio Castelo (guitarra portuguesa), Ricardo J. Dias (piano), Alexandre Silva (viola), Fernando Maia (viola baixo) e Miguel Carvalhinho (guitarra clássica).Além das várias recriações, entre elas “Sonhei que estava em Portugal” (João de Barro), há composições inéditas, algumas escritas para Cristina Branco como o caso de “Cristal” (Vasco da Graça Moura) ou “Navio Triste” (Vitorino).Lusa
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