Concertação sem conserto
A concertação entre os deputados eleitos pelos diversos partidos no círculo eleitoral de Santarém em torno de questões estratégicas é fundamental para o desenvolvimento e progresso da região, mas nunca foi conseguida e é pouco provável que o venha a ser.
No decorrer do debate Jorge Lacão (PS), Luísa Mesquita (CDU), Miguel Relvas (PSD) e Nuno Fernandes Thomas (CDS/PP) deixaram transparecer essa improbabilidade através de exemplos do passado e da ausência de sinais de esperança de que a situação se possa alterar no futuro.Jorge Lacão defendeu que a concertação se impõe a nível nacional e regional e que sem ela “o país e a região não conseguirão sair das dificuldades em que se encontram”. O deputado socialista defendeu que o estabelecimento de consensos deverá existir a nível parlamentar, mas também entre o parlamento e outras entidades com capacidade de transformação da região.No mesmo sentido, se pronunciaram os restantes participantes no debate mas todos colocaram reticências relativamente à capacidade de passar do discurso à prática. “Uma coisa é aquilo que teoricamente se define no decorrer das campanhas eleitorais, mas os problemas não se resolvem com belos discursos”, disse Luísa Mesquita (CDU) antes de mencionar uma longa lista de objectivos que o seu partido considerava essenciais para a melhoria da qualidade de vida no distrito de Santarém mas para os quais não foi possível estabelecer consensos com os restantes partidos, apesar de alguns deles terem posições teóricas muito semelhantes sobre os mesmos.Os candidatos do CDS/PP e do PSD reiteraram o cepticismo da parlamentar da CDU. Nuno Fernandes Thomas, ainda a desempenhar as funções de secretário de Estado para os Assuntos do Mar, desafiou os políticos a serem mais pragmáticos e a colocarem os interesses do país e das suas regiões acima das querelas partidárias. Miguel Relvas referiu-se à sua passagem pela Secretaria de Estado da Administração Local e às posições que foi possível concertar com os presidentes de câmara do distrito de Santarém como um exemplo a seguir entre os deputados.O entendimento entre os deputados eleitos pelos diversos partidos só poderia colocar-se se fosse possível identificar um conjunto de objectivos comuns e percebeu-se que é aí que não há entendimento. Questões como a das portagens ou a construção de um hospital a sul do distrito, por exemplo não reúnem unanimidade de opiniões. E mesmo naquelas onde há consenso quanto à necessidade de resolução, como é o caso da despoluição do Alviela, bloqueiam assim que se começa a falar nos aspectos práticos.
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