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Os 30 anos de traços contínuos de António

Vila Franca é Capital do Cartoon

Um conjunto de oito esculturas e alguns traços contínuos de António, escolhidos de uma carreira com três décadas, são as novidades da Cartoon Xira. O cartoonista, que o Expresso consagrou desde 1974, é filho de Vila Franca de Xira e expõe na sua terra até ao final de Fevereiro.

António Moreira Antunes nasceu em Vila Franca de Xira há 51 anos. O mundo das artes conhece-o por António, o cartoonista do Expresso. “Percebe os ridículos e os pontos fracos das suas “vítimas” como ninguém. Eu que o diga...”, escreveu Mário Soares, a propósito do artista. O ex- Presidente da República acrescentou que o traço de António “é implacável, às vezes cruel, mas sempre com graça”.O Celeiro da Patriarcal engalanou-se e, no final da tarde de sábado, abriu as suas portas para receber um dos filhos mais ilustres da cidade. Dezenas de amigos e admiradores de António aplaudiram a sua obra na inauguração da exposição retrospectiva dos 30 anos de carreira. Estão lá também os traços de Cid, Maia e Vasco com uma centena de cartoons, escolhidos como os melhores de 2004. Vila Franca reúne a nata do cartoonismo nacional numa exposição única que deverá atrair milhares de visitantes.Em pouco mais de meia hora podemos percorrer os 30 anos de traços contínuos de António e comparar o seu traço com os de mais três notáveis artistas. Entre um e outro cartoon, aparecem duas esculturas em cerâmica, datadas de 1985, e seis em bronze criadas em 2003 e 2004.Mas como é que surgiu esta ideia de esculpir? “Eu fiz um pouco o percurso ao contrário, já que o normal é os artistas plásticos passarem das chamadas artes mais tradicionais, como a pintura e a escultura, para os cartoons”, respondeu António.“Assim não tenho que seguir nenhuma linha, tenho mais liberdade e divirto-me mais”, acrescentou.António não coloca de lado a hipótese de fazer uma exposição só de escultura. E pelo que vimos e ouvimos, o público agradece.“Exposição panorâmica” A mostra “Traços Contínuos” inclui 200 cartoons de António. O autor diz que se trata de uma mostra panorâmica, em vez de retrospectiva. Está lá o primeiro desenho do cartoonista, publicado no jornal “República” em 16 de Março de 1974. Chamou-se “Evolução da continuidade”.A exposição foi acompanhada do lançamento de um livro com a chancela da Assírio & Alvim. “Este livro e esta exposição revelam o que tenho feito nestes últimos anos, com todos os erros, emendas e correcções que tive de fazer, mas que me fez apreender” afirmou o cartoonista.António está satisfeito com o caminho traçado, mas confessa que sente que poderia ter ido mais longe. “Tenho pena de não poder dizer - `Fui até onde fui capaz de ir’”, disse.António comparou a sua carreira a um automóvel com cinco mudanças, mas onde não se vai mais além do que a terceira velocidade. “Há muitos projectos que não pude concluir, porque há muitas portas que se fecham e eu não quis pagar certos preços para as abrir”.O artista tem desenhos seus em antologias mundiais de cartoons e recebeu vários prémios internacionais, sem nunca ter saído de Portugal.O melhor de António pode ser visto nas exposições “Cartoons do Ano 2004” e “Traços Contínuos”, patentes até ao dia 27 de Fevereiro. As mostras estão abertas de terça a sexta-feira das 14h00 às 19h00 e aos sábados e domingos das 15h00 às 19h00. A entrada é livre.Nelson Silva Lopes

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