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Fábrica centenária fechou portas em Mação

Fábrica centenária fechou portas em Mação

Trabalhadores rescindem contratos sem indemnização
Sexta-feira, 28 de Janeiro, foi o último dia de trabalho na fábrica Têxteis Mirrado, em Mação. Os 32 funcionários rescindiram os seus contratos sem receberem qualquer indemnização. Para casa levaram os salários de Dezembro, dos dias de Janeiro em que trabalharam e os devidos subsídios de Natal e de férias. A administração da empresa não prestou declaraçõesOs últimos trabalhadores da centenária fábrica de lanifícios de Mação, Têxteis Mirrado, Sucessores, abandonaram a unidade um a um. Calados e metidos consigo recusaram fazer qualquer comentário ao que lhes estava a acontecer.Na mão levavam o papel para entregar no centro de emprego, com a indicação da rescisão do contrato de trabalho, sem direito a indemnizações. Quase ninguém quis falar. Isabel Estrela, 49 anos, foi a única que se atreveu a quebrar o silêncio.“Não percebo, talvez pensem que a fábrica vai reabrir daqui a 15 dias, como eles disseram. Mas no papel não diz nada disso e eu não tenho medo de falar”, afirmava. Isabel é uma das 32 pessoas que, actualmente, tinham o seu posto de trabalho nesta unidade fabril, fundada em 1889 por Vicente Mendes Mirrado.O próprio Sindicato dos Têxteis desconhecia o que se passava na fábrica. “Nenhum dos trabalhadores contactou connosco, apesar de serem sindicalizados”, afirmou a O MIRANTE Helena Dinis, funcionária do sindicato e acrescentou: “Quando tentámos contactar os trabalhadores e informá-los que ainda podiam rever a posição e exigir a indemnização a que tinham direito, recusaram”.Isabel Estrela entrou para a fábrica Mirrado há 35 anos, nunca conheceu outro local de trabalho e agora tem de arranjar novo meio de vida: “Vou para o fundo de desemprego, após 35 anos de trabalho nesta fábrica, e tentar começar de novo”, diz ciente de que aos 49 anos não será fácil arranjar emprego.O encerramento da Têxteis Mirrado surpreendeu trabalhadores e a própria Câmara de Mação emitiu um comunicado de imprensa alertando para o facto. Sabia-se que a concorrência e a necessidade de modernização causavam alguns problemas a esta unidade carismática da vila. Mas não se previa o encerramento.O presidente da câmara, Saldanha Rocha (PSD), tentou em vão falar com o proprietário, Manuel Vicente Mirrado, descendente do fundador, mas também para o autarca o dono da Mirrado se mostrou indisponível. “Já algum tempo que eles se queixavam das dificuldades, mas não imaginava que acabassem por encerrar. Não sei o que se passou porque não consegui falar com o dono”Entre os desempregados há casais que tinham ali o seu ganha-pão. Isabel Estrela não está nesta situação, mas o marido já está reformado e com o filho na faculdade a vida não vai ser fácil. “Não sou pessoa de desistir, vou andar para a frente. Como não desisto, também nunca me calo. É, por isso que não gostavam de mim e estava abrangida pelo lay-off”, concluiMargarida Trincão
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