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Forte da Casa quer crescer sem dor

Forte da Casa quer crescer sem dor

Insegurança, ambiente e infra estruturas são as principais preocupações

No Forte da Casa ainda se joga à malha e desafia-se os toiros nas festas. A freguesia do concelho de Vila Franca tem 12.600 habitantes oriundos de todo o lado e recusa ser mais um dormitório de Lisboa. A insegurança, a ausência de tratamento de esgotos e de algumas infra-estruturas são as queixas principais de quem lá vive.

A proximidade de Lisboa e a facilidade de deslocação para a capital provocaram um crescimento acelerado da freguesia do Forte da Casa. A auto-estrada e a linha férrea estão ali tão perto. Na última década, a população duplicou e hoje são mais de 12.600 os habitantes.O alargamento da freguesia está a ser travado pelas condicionantes da servidão militar e aeronáutica que impede o avanço das urbanizações projectadas para a terceira e quarta fases. Só a terceira fase vai receber mais seis mil habitantes. A junta de freguesia e o movimento associativo procuram contrariar a inevitável tendência para ser um dormitório. Têm criado pontos de encontro e promovem a integração dos cidadãos na comunidade. No Forte da Casa ainda se joga ao jogo da malha (chinquilho) e desafiam-se os toiros na rua durante as festas. Mais de 60 por cento dos “fortenses” são provenientes de várias províncias portuguesas, com maior destaque para as Beiras e o Ribatejo. Os restantes 40 por cento dividem-se em dois grupos. Metade são naturais de Lisboa e os outros 20 por cento são imigrantes e descendentes, a maioria provenientes das antigas colónias portuguesas em África. Os brasileiros e os imigrantes do leste europeu completam o quadro demográfico do Forte da Casa. A vila deve o seu nome aos vestígios dos fortes militares existentes que foram construídos no século XIX para travar as invasões francesas. A ausência de uma força de autoridade na freguesia é uma das lacunas mais graves. A freguesia é policiada pela GNR da Póvoa de Santa Iria que tem poucos militares para duas áreas urbanas com mais de 30 mil habitantes. Os crimes acontecem e o receio de sair à noite na rua é confessado por vários moradores. O presidente da junta está disponível para aceitar a construção de um posto da GNR na zona dos Caniços para servir também a Póvoa de Santa Iria que há muito reclama um novo posto. As escolas existentes, proporcionam o ensino até ao 12º ano, mas a oferta de cursos é insuficiente e obriga alguns jovens a deslocarem-se para Alverca, Vila Franca e Lisboa. Os equipamentos desportivos não abundam e a criação de uma zona desportiva na terceira e quarta fases da vila será fundamental. Mais próxima está a piscina municipal cujo concurso público deverá ser lançado ainda neste semestre. O presidente da junta quer concluir também a segunda fase do parque urbano e anuncia com orgulho que o mercado municipal será inaugurado no dia 23 de Abril. António Inácio frisa que estão em marcha quase 2,5 milhões de euros de obras e neste mandato já foram gastos 1,7 milhões no Forte da Casa. A frase “uma freguesia em movimento” nunca fez tanto sentido.Uma das maiores lacunas do Forte da Casa é o ambiente. A zona ribeirinha está abandonada há mais de 20 anos. Forte da Casa é a vila com maior frente para o rio em todo o concelho e a aproximação da população ao Tejo tem de ser feita. Na freguesia, como no resto do concelho, não há tratamento dos efluentes e os esgotos correm a céu aberto para o rio Tejo. A Ribeira da Verdelha, que separa as freguesias de Alverca e Forte, é o melhor exemplo da ausência de limpeza e regularização. “Terá de ser uma prioridade no próximo mandato da câmara. Não se pode adiar mais”, frisa o autarca do Forte da Casa.O estacionamento é outra dor de cabeça. A câmara vai alterar várias bolsas para aumentar o numero de lugares e, em 2006, tenciona apresentar uma solução para substituir o parque subterrâneo que chegou a ser anunciado para o Largo do Forte. A população não esquece também a reivindicação do nó de acesso à auto-estrada, de preferência a Norte da freguesia.A nível cultural, a junta pretende transformar o antigo Cinema Foca no cento cultural da freguesia, para tal a câmara terá de adquirir o imóvel que é privado. Apesar de ser uma vila cosmopolita no limite entre o Ribatejo e a Estremadura, o Forte da Casa tem procurado afirmar-se como uma localidade ribatejana e não dispensa as largadas e as corridas de toiros. Com um movimento associativo centralizado em duas colectividades (o clube desportivo e a união desportiva) , a freguesia dispõe de vários estabelecimentos e lugares de lazer onde as pessoas ainda convivem. O Forte da Casa não tem bombeiros, mas a proximidade das corporações vizinhas minimiza a lacuna duma freguesia que, apesar de tudo, cresceu com algumas regras e não tem prédios com mais de cinco pisos. Nelson Silva Lopes
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