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A senhora aclamada “primeira-ministra”

A senhora aclamada “primeira-ministra”

A jogar em casa, Luísa Mesquita, candidata da CDU, quer simpatia traduzida em votos
“Você é que é a Mesquita? Ó mulher dê cá um abraço que você vale por mil. A senhora devia ir é para primeira-ministra”. Numa acção de rua em Santarém, o homem não faz a coisa por menos e Luísa Mesquita, a deputada e cabeça de lista da CDU, deita uma gargalhada bem disposta, não renegando um beijo e um abraço a apoiante tão entusiasta.A tarde de sexta-feira, 11, não está fria na capital de distrito mas aquece mais com a passagem da comitiva da Coligação Democrática Unitária. Luísa Mesquita faz as honras da casa e apresenta aos transeuntes e comerciantes o líder do partido. “Este é Jerónimo de Sousa, o nosso secretário-geral”, diz, deixando-se ficar um passo atrás.Não que a candidata seja mulher para ficar em segundo plano. Luísa Mesquita já tem muitos anos de campanha e sabe que há muita gente que a conhece e ao trabalho por si realizado. “A senhora é a única que ainda vai fazendo alguma coisa”, assegura uma mulher à deputada que mais requerimentos apresenta na Assembleia da República. “Estamos lá é para isso”, responde a candidata.A caravana da CDU concentra-se em frente ao W Shopping, símbolo do “consumismo capitalista”, antes de iniciar a ronda pela zona antiga da capital de distrito. Há novos e velhos, caras sérias e apoiantes que relembram tempos passados. Como José Luís Picoto, o homem que não se cansa de dizer que deu uma “estalada” a Mário Soares, corria o ano de 1974. “Sou comunista desde que nasci”, diz quem se intitula o mais antigo militante do PCP, mostrando um bilhete de identidade fornecido pelo “camarada Álvaro Cunhal”, para o homem não ser incomodado pela PIDE. Na campanha da CDU não há ofertas de sacos, canetas ou porta-chaves. Há demonstrações práticas de assuntos que apelam à consciência do cidadão.“Quem dá mais pela nascente do Alviela? Vai em 1,5 milhões de euros. E pela Barragem de Castelo do Bode?”, grita o vendedor, enquanto o leilão móvel vai percorrendo a zona, com uma jovem, em andas e com um enorme manto azul rastejante, a simbolizar a água. O Zé Povinho, de cajado e enfusa na mão, vai atrás, cheio de sede. “Dê-me água por misericórdia”, pede. Mas o vendedor, com óculos em forma de cifrões, não é nada misericordioso – “Tens dinheiro? Agora só bebe água quem a puder comprar”.Luísa Mesquita assiste à cena com semblante sereno, enquanto vai conversando com os camaradas. De fato escuro de largo xadrez, a candidata “é uma verdadeira senhora”, como diz um dos clientes do centro comercial.A peça ensaiada abre caminho à caravana, que avança pela rua Teixeira Guedes. A candidata cumprimenta quem passa e entrega panfletos com a frase da campanha da CDU sempre na boca – “espero poder contar com o vosso voto dia 20, para mudar a sério”.“Boa tarde, dá-me licença, posso deixar-lhe a nossa lista e o nosso programa eleitoral? Bom dia e vote bem”. A frase é repetida vezes sem conta, em cafés, lojas de roupa, papelarias e ourivesarias.Luísa Mesquita está no seu meio. Sabe que quase todos a conhecem, quanto mais não seja pelos placardes espalhados pela cidade. “Você é mais bonita ao vivo que na fotografia”, diz uma senhora de meia idade, enquanto a candidata agradece o elogio – “ainda bem que acha isso, sinto-me ainda com mais força para continuar”.
A senhora aclamada “primeira-ministra”

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