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Da indústria transformadora à tecnologia de ponta

Alferrarede, freguesia do concelho de Abrantes, adaptou-se aos novos tempos

Dantes eram as indústrias transformadoras que davam nome a Alferrarede, freguesia de Abrantes. Hoje a maior parte das fábricas de então desapareceram, mas novas unidades surgiram e os grandes armazéns da Companhia de União Fabril (CUF) deram lugar ao tecnopólo, onde se desenvolvem novas empresas de tecnologia de ponta.

Casas solarengas alternam com habitações térreas ao longo das ruas que atravessam a freguesia urbana de Alferrarede. Na sexta-feira, dia 25, a autarquia comemora o seu 46.º aniversário depois de uma longa história iniciada em 1919 por Manuel Lopes Valente Júnior, vogal da Câmara Municipal de Abrantes. Na altura, a proposta de elevação de Alferrarede a freguesia foi aprovado pela câmara, mas o governo rejeitou-a.A freguesia de Alferrarede foi finalmente criada em 25 de Fevereiro de 1959, por desanexação da freguesia de São Vicente, e está integrada no perímetro urbano da cidade de Abrantes. O seu território estende-se por uma área aproximada de 23,6 quilómetros quadrados e inclui as aldeias de Alferrarede Velha, Barca do Pego, Casal das Mansas, Tapadão, Casais de Revelhos, Olho de Boi e Marco.A origem do topónimo desta autarquia é envolta em contradições. Alguns autores defendem que deriva da palavra latina ferratum (mina de ferro ou ferraria) ou de gypseptum (gessal ou mina de gesso). Em Barca do Pego ainda hoje podem ser visitados os fornos que produziam muita da cal consumida em todo o país. Em tempos idos a agricultura foi a principal riqueza desta freguesia que nasceu no sopé da colina de Abrantes, junto ao Tejo. Mas o rio, que durante séculos foi a mais importante via de comunicação, também fez crescer um conjunto de profissões a ele ligadas: pescadores, barqueiros ou calafates.Com o aparecimento dos novos meios de transportes, a importância que Alferrarede detinha justificou a abertura de uma estação ferroviária e a construção de uma rede viária que contribuiu para o desenvolvimento do interior. As acessibilidades, por seu turno, originaram a instalação de uma série de indústrias transformadoras de matérias-primas produzidas na região. Uma das primeiras unidades a instalar-se foi a fábrica de azeites de J. Michelon & J. Combermale. A CUF, criada por Alfredo da Silva e dedicada no início ao fabrico de sabões, foi a imagem de marca desta terra. Era de tal forma grande que tinha um terminal ferroviário exclusivo. Os armazéns e as instalações da antiga Companhia estão, actualmente, ocupados por outros serviços mais de acordo com os novos tempos. Um ninho de empresas para tecnologias de ponta e desenvolvimento de projectos inovadores, laboratório de análise e pólos de formação de metalomecânica e de indústrias agro-alimentares, áreas que correspondem aos perfis produtivos da região. Alferrarede, com os seus cerca de 6500 habitantes, sendo uma freguesia principalmente urbana não padece do fenómeno da desertificação, mas mantém, na opinião do presidente da junta, Adelino Venâncio (PS), a sua individualidade. “Não somos um dormitório”, afirma.Há vida associativa e as festas religiosas continuam a realizar-se. A padroeira da freguesia é Nossa Senhora do Rosário, mas em Alferrarede Velha as festividades em honra de Nossa Senhora das Necessidades e em Casal de Revelhos o orago é de Nossa Senhora do Imaculado Coração de Maria, ambas as festas se realizam a 15 de Agosto.Apesar das muitas obras que têm sido feitas ainda há aldeias sem saneamento básico e estradas por alcatroar. “São terras pequenas, com poucos habitantes, mas não é por isso que não merecem que se melhore a sua qualidade de vida”, diz Adelino Venâncio.Em paralelo com estes investimentos básicos, surgem outros adaptados a outro nível de desenvolvimento. Em Alferrarede será construído um centro educativo para todas as crianças da freguesia e uma nova biblioteca que substitua a que existe no primeiro andar do edifício da sede da junta de freguesia.Presentemente, Alferrarede dispõe de 7 salas de aula para o primeiro ciclo do ensino básico e três de jardins-de-infância. O centro educativo não é um projecto para construir a curto prazo, mas faz parte do reordenamento da rede escolar.Segundo Adelino Venâncio, a freguesia está bem servida de equipamentos sociais. O centro social que engloba o centro de dia, ATL e infantário desenvolve “um belíssimo trabalho”. O novo centro de saúde construído na zona nova de Alferrarede, junto à praça dos plátanos, foi outra das melhorias conseguidas nos últimos tempos.A junta faz o que pode para melhorar as condições de vida da população de Alferrarede, mas apesar dos protocolos de delegação de competências assinados com a Câmara de Abrantes, das transferências do orçamento de Estado e das licenças dos cães – “que soma uma boa receita” – o dinheiro não dá para tudo. E este ano talvez não seja possível realizar o encontro da terceira idade. “Chegámos a juntar 600 pessoas, convidávamos artistas e é de facto uma festa muito bonita, mas envolve um gasto de 30 a 40 mil euros e não sei se a junta tem verbas para tanto”, lamenta Adelino Venâncio.Margarida Trincão

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