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“Os estilistas são todos loucos”

“Os estilistas são todos loucos”

Palmira Horta deu lições de corte e costura a jovens de Azambuja

A estilista Palmira Horta regressou ao local onde aprendeu as primeiras letras para ensinar as técnicas do corte e costura a um grupo de crianças de Azambuja. As meninas fizeram peças de vestuário para as bonecas e prometeram continuar a descobrir novas técnicas.

Palmira Horta dobra um tecido quadriculado em quatro partes e rasga com a tesoura uma linha arredondada. “O que irá sair daqui?”, pergunta a estilista de Azambuja. “Uma camisola”, responde prontamente Carolina, oito anos, uma da meia dúzia de meninas, que na tarde de sábado se juntaram na Biblioteca Municipal de Azambuja para se iniciarem na arte.As alunas concordam em avançar com a peça. O próximo passo é o corte da gola. Palmira desenha meio arco com o giz de alfaiate. O pedaço de tecido que deixou a peça transforma-se numa saia de boneca. O truque deixa as aprendizes boquiabertas. Os restos de tecidos são deitados para o chão. Palmira Horta pede desculpa, mas é assim no seu atelier. Todas concordam em reduzir um pouco as mangas. “Isto pode ser uma camisola, um vestido ou um avental”, observa Palmira Horta, 53 anos. A peça que começou a ser delineada há alguns minutos já tem forma. Experimenta-se no manequim. Todas acabam por concordar em fazer um avental. “É um avental, mas podia ser um vestido muito curtinho de um lado e muito comprido de outro. Ser estilista é criar. Os estilistas são todos um pouco loucos”.Palmira Horta senta-se na sua máquina de costura, rodeada por um grupo de raparigas, e vai costurando as bainhas. O tecido é passado a ferro – um utensílio essencial para quem costura. “A peça só tem beleza se tiver ferro”, explica. As jovens escolhem um tecido de nylon para o bolso do avental. Palmira Horta cose com preceito dois botões transparentes que prende ao tecido com brites, uma técnica usada nos botões dos vestidos de noiva.E está pronto o avental. O tecido da gola serve de molde para uma saia de danças de salão pronta a vestir a uma boneca. Marta, 12 anos, descobre, por entre os botões espalhados numa caixa, os brilhantes usados nos trajes de toureiro. É isto que quer para aplicar na peça, cor de rosa choque. “Hoje não temos tempo de fazer uma peça para cada uma, mas sempre que quiserem um vestido para as bonecas vão ter comigo. Já me conhecem”, convida.Antes de começar a aula “Hoje vou ser estilista”, Palmira Horta, especializada na criação e confecção dos trajes de toureiros, fez questão de explicar a dimensão do ofício. “A arte vai desde fazer um boneco de trapos até à confecção de um fato de toureiro”. Quando Palmira Horta frequentava a escola, onde hoje está instalado o edifício da Biblioteca Municipal de Azambuja, já brincava às costureiras. Em casa da sua avó tinha um cantinho, só seu, onde criava o guarda-roupa das suas bonecas. A brincadeira tornou-se numa paixão a valer e quando chegou a altura a estilista foi aprender a profissão. E já lá vão 32 anos.Ana Santiago
“Os estilistas são todos loucos”

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