uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Dívidas e gastos supérfluos continuaram a aumentar

Dívidas e gastos supérfluos continuaram a aumentar

Oposição mostrou cartão vermelho às contas da Câmara Municipal de Santarém

A oposição mostrou mais um cartão vermelho à gestão socialista na Câmara de Santarém, ao chumbar as contas de 2004. O aumento da dívida da autarquia e os gastos supérfluos foram muito criticados por PSD e CDU, apesar de ter sido o ano do mandato em que se fez mais obra e se reduziram as despesas correntes.

As dívidas da Câmara Municipal de Santarém atingiram no final de 2004, um valor de 45,9 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 12,5 milhões de euros nos três anos do actual mandato. A situação foi explorada até à exaustão pelos vereadores da oposição, sobretudo pelos do PSD, que chumbaram o relatório e as contas de gestão do município, referentes a 2004, na reunião do executivo de segunda-feira. O presidente da câmara, o socialista Rui Barreiro, bem se esforçou por realçar que o ano passado foi o de melhor execução orçamental deste mandato, tendo sido realizados 45% dos investimentos previstos no plano de actividades. O autarca sublinhou ainda a diminuição das despesas correntes em cerca de 5 milhões de euros, mas na hora do voto a oposição não teve contemplações e, à imagem do que aconteceu em anos anterio-res, mostrou um cartão vermelho à forma como os socialistas têm conduzido a autarquia.A discussão de quase três horas foi influenciada pelo cenário de pré-campanha eleitoral para as autárquicas que já se vive e os ânimos chegaram a aquecer. O PSD não se cansou de confrontar as declarações do presidente da câmara no início do actual mandato, quando, numa entrevista ao Diário de Notícias, referindo-se à herança deixada pelo seu antecessor, disse que a autarquia, se fosse uma empresa, estaria tecnicamente falida.Nessa altura a dívida rondava os 33 milhões de euros, tendo crescido em três anos para os 45,9 milhões. Só as dívidas a curto prazo passaram de 15,7 milhões para 24,5 milhões de euros. E calcula-se que haja ainda cerca de 7 milhões de euros de facturas em conferência que, na prática, só serão contabilizadas em exercícios futuros. “O que diria agora o senhor presidente da situação financeira da câmara?”, perguntou a vereadora do PSD Hélia Félix, dando conta que os pagamentos efectuados pela autarquia ficaram aquém do orçamentado e que, pelo contrário, a aquisição de bens e serviços ficou 22% acima do previsto. “Seria de esperar uma nova forma de gerir depois das críticas ao anterior executivo, mas face à realidade triste dos números verificamos que não houve esforço para reduzir o endividamento”, continuou a vereadora do PSD.Rui Barreiro respondeu que o saneamento financeiro da autarquia nunca foi apontado como objectivo primordial deste mandato, optando-se por canalizar recursos para o aproveitamento dos fundos comunitários disponíveis para investimento. “E isso foi feito”, disse.A leitura divergente acerca da gestão alimentou um autêntico diálogo de surdos entre PS e PSD, com os vereadores da CDU a assistirem, com evidente enfado, à troca de argumentos após terem expressado a sua opinião. Uma posição deixada por José Marcelino, onde se lamentou a baixa execução orçamental (45%) ao nível do plano de investimentos e o aumento da dívida e de gastos classificados como “supérfluos” em áreas como a publicidade, as comunicações ou as horas extraordinárias. “É exagerado este aumento e não há à partida nenhuma justificação”, referiu.O PSD também pegou nesses pontos para criticar os socia-listas. Hélia Félix e Ramiro Matos perguntaram onde estavam algumas obras prometidas na campanha eleitoral e ouviram o PS acenar com uma série de intervenções executadas e também com a acusação de que os social-democratas exigem obras mas, ao mesmo tempo, votaram contra projectos emblemáticos - caso da requalificação do Campo Infante da Câmara, ou da construção do complexo desportivo municipal.Entre trocas de acusações de demagogia, “piropos” à candidatura de Moita Flores pelo PSD e queixas contra os governos social-democratas que “esqueceram o concelho” chegou-se ao chumbo dos documentos. Uma situação habitual nos últimos anos, já que o PS governa com maioria relativa. A apologia da realização de obra e da redução das despesas correntes não convenceu a oposição, que não quis dar trunfos eleitorais aos socialistas.Os documentos vão agora ser submetidos à apreciação da assembleia municipal, que, se não houver surpresas, deverá igualmente chumbar as contas. Uma posição política que não tem repercussões práticas na gestão do município.João Calhaz
Dívidas e gastos supérfluos continuaram a aumentar

Mais Notícias

    A carregar...