Amadores fora das corridas da Ascensão
Esforços da Câmara da Chamusca para mediar conflito esbarraram na intransigência da Associação Nacional de Forcados
Os Forcados Amadores da Chamusca vão ficar de fora do programa taurino da Ascensão. Ainda não é desta que os dois grupos da vila vão actuar na praça, apesar da tentativa da câmara em mediar o conflito. A Associação Nacional de Grupos de Forcados pressiona os empresários para que os grupos que não são seus associados, como os Amadores da Chamusca, sejam impedidos de actuar nas praças que exploram.
A Câmara Municipal de Chamusca tentou este ano, pela primeira vez, mediar o conflito que tem impedido, nos últimos anos, que os dois grupos de forcados da vila - Amadores e Aposento - actuem em simultâneo na Feira Taurina da Ascensão. Mas nem a intervenção da autarquia conseguiu fazer com que as divergências fossem ultrapassadas. Tudo porque a Associação Nacional de Grupos de Forcados (ANGF) foi intransigente na defesa do seu regulamento, que veta todas as empresas que contratem grupos que não sejam seus associados. Como é o caso dos Amadores da Chamusca que se vêm assim impedidos de actuar na praça da sua terra.A polémica em torno da actuação em simultâneo dos dois prestigiados grupos chamusquenses na sua terra começou precisamente com a formação da ANGF. Na altura, devido a problemas surgidos com uma possível actuação do Grupo de Forcados Amadores da Chamusca em Santarém, o seu cabo, Nuno Marques, resolveu não entrar para a associação de forcados.Nos últimos três anos, a Praça da Chamusca foi explorada por uma das empresas que é vetada pela ANGF, pelo que foi o Grupo dos Amadores que teve o exclusivo de ali pegar. A partir desta época taurina deu-se o volte face e a empresa que venceu o concurso é uma das que trabalha com a ANGF, e passou a ser o Grupo do Aposento a ter a primazia.Pelo meio, o Grupo de Forcados Amadores da Chamusca tem feito esforços para entrar para a associação. Esforços que não têm resultado porque na altura da votação da sua entrada os restantes grupos têm votado contra quase por unanimidade.Nuno Marques, cabo do Grupo de Forcados Amadores da Chamusca, e Tiago Prestes, cabo do Grupo de Forcados Amadores do Aposento da Chamusca, têm-se mostrado receptivos a dividirem as corridas na sua terra. Mas quando é preciso dar o passo decisivo para que isso aconteça ganham outra dimensão algumas divergências que subsistem. E quem paga é a aficcion do concelho, que vive com alguma intensidade a vida dos dois grupos.A autarquia, que nos anos anteriores tem passado ao lado do problema, resolveu este ano tentar resolver a situação promovendo contactos com a empresa, os dois cabos e a ANGF, que foram infrutíferos pela intransigência da associação. A Câmara Municipal da Chamusca justifica a sua intervenção com o facto de se estar a comemorar a vigésima edição da Semana da Ascensão e porque se está numa situação de “fim de linha”, que é desconfortável para todos os intervenientes, “incluindo a comunidade local”.Na opinião do vereador Francisco Matias, a situação a nível local é resolúvel porque os dois responsáveis dos grupos se manifestaram disponíveis para solucionar o problema. Mas tanto Nuno Marques como Tiago Prestes admitem que há ainda algumas arestas por limar. Concordam também que a tentativa da autarquia para tentar resolver o problema a nível local “foi feita demasiado tarde”.Um e outro concordam que a esse nível o problema podia ser resolvido no caderno de encargos do concurso de concessão da praça. Bastava que no caderno de encargos fosse colocada uma cláusula que obrigasse a que os dois grupos da vila fizessem parte dos cartéis da Feira da Ascensão.Tiago Prestes e Nuno Marques parecem de acordo na maioria das coisas, mas também de alguma forma distan-ciados no problema da adesão dos Amadores da Chamusca, à ANGF. Tiago Prestes recusa os argumentos de que é ele que influencia os cabos dos restantes 30 grupos a votar contra a entrada dos Amadores na associação. “Quem sou eu para comandar trinta homens que sabem pensar por si e que votam em consciência”. Mas também não levantou um dedo para defender a entrada dos seus conterrâneos.Por sua vez, Nuno Marques também não fez tudo para que a adesão fosse possível. Um pouco mais de transigência o ano passado, para que fosse possível aos Amadores do Aposento comemorarem os 20 anos do grupo na Chamusca, teria sido um passo importante para a solução do problema. Mas na altura foi esse grupo que ficou de fora da praça.Para já, Tiago Prestes e Nuno Marques – que continua a entender que a ANGF é uma mais valia para os forcados de todo o país – estão dispostos a dialogar. E a ANGF também mostra disponibilidade para essa reunião, pelo que a solução pode estar mais perto.
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