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Provavelmente a melhor festa da região

Habitantes da Chamusca orgulhosos da Semana da Ascensão

Na Chamusca a Semana da Ascensão vive-se com grande intensidade. Os concertos, as largadas e entrada de touros, o convívio nas tasquinhas ou na mostra de actividades do concelho são alguns focos de atracção. O MIRANTE foi ouvir algumas opiniões sobre a festa que anualmente atrai milhares de forasteiros à vila. Este ano é de 30 de Abril a 8 de Maio.

Elisa Vital, 42 anos,educadora, ChamuscaPrioridadeàs actividades económicasDo cartaz de concertos que está marcado para a Festa da Ascensão, Elisa Vital destaca a presença dos Xutos & Pontapés como maior atracção musical. Situação que, em seu entender, no campo musical depende sempre do montante disponível para contratar os artistas e dos gostos particulares. Mas, para a moradora da Chamusca, a festa é sobretudo convívio entre as pessoas em que se sente a música de fundo. “É uma organização que consolidou uma forma ao longo dos anos e que, dificilmente, se conseguirá alterar. Uma época em que não se fica em casa, mesmo com chuva”, salienta Elisa Vital. Na sua opinião a divulgação das empresas do concelho e do típico artesanato é um ponto a aprofundar, sendo esse um dos factores que pode ser melhorado na festa. “Devia ser mais aproveitada para a divulgação das empresas do concelho para que haja mais retorno do impacto que a festa tem. Estamos num cenário muito interessante, junto ao Tejo, que podia ser mais aproveitado, tentando que as empresas aqui se instalassem”, sugere. Embora considere que há gastos exagerados, entende que a festa da Ascensão é um factor positivo para a Chamusca. Rosário Mira, 34 anos,cabeleireira, ChamuscaMais cuidadono estacionamentoPelas mãos de Rosário Mira passam muitos cabelos de homens e senhoras que querem estar aperaltados a tempo da Ascensão, altura em que o trabalho aumenta. Acabado o trabalho, Rosário Mira espera para ver e ouvir as baladas de Vitorino e algumas músicas dos Xutos & Pontapés, já que os restantes artistas não fazem o seu estilo musical. Preferia antes que contratassem músicos em menos quantidade mas com mais interesse. “Dulce Pontes, Rui Veloso e Ala dos Namorados, entre outros do género, eram bem vindos. E também penso que se devia apostar apenas em bons concertos na véspera de feriado e em mais um ou dois dias”, opina.Músicas à parte, Rosário Mira opta por uma ida às tasquinhas comer uns petiscos, “acompanhados de água ou sumo”, e visitar as mostras de artesanato para ver os objectos mais característicos da nossa região.De fora das suas preferências está ainda parte relacionada com os touros, seja a entrada na vila ou a corrida na praça, preferindo antes as picarias e brincadeiras com os animais.Rosário Mira considera que a Ascensão é importante para a divulgação da Chamusca, pelos visitantes que atrai, lamentando apenas a falta de cuidado das pessoas “que tentam estacionar os carros mesmo no centro”. Bruno Mira, 27 anos, praticante farmacêutico, ChamuscaAo somda guitarra portuguesaBruno Mira dá uns acordes na guitarra portuguesa e, para si, não é novidade aproveitar a Festa da Ascensão para mostrar o que vale nas noites de fado. Do restante panorama musical da festa deste ano, o seu maior destaque vai para o concerto dos Xutos & Pontapés.Morador da Chamusca, percorre todos os espectáculos, especialmente os do palco arraial, destinado às sete freguesias do concelho. Actividades como espectáculos e noites de fado e de teatro que, diz, deviam ser mais apoiadas pela câmara. Montador a cavalo, Bruno Mira já está habituado à festa taurina e às entradas de touros na festa, tendo vivido episódios marcantes. “Há cinco anos deixaram-me ir na frente com os touros e sofri uma queda aparatosa no meio da estrada mas não houve problemas de maior”, recorda.Os dias da festa são passados a trabalhar mas nada que impeça que a aproveite à noite, para uns copinhos, e no feriado municipal de quinta-feira. Para Bruno Mira a Ascensão está diferente, salientando a aposta no fado para fugir à rotina.Raquel Santos, 17 anos, estudante, ChamuscaDemasiados pimbas“É só pimbalhada”, manifesta descontente Raquel Santos quando lhe perguntamos para falar do programa da Semana da Ascensão. A jovem reclama que faltam grupos destinados à gente mais nova, como os Blasted Mechanism, Da Weasel, Clã, Toranja, Fingertipps que, na sua opinião, seriam muito bem vindos.Resta, por isso, o palco da juventude com oferta musical mais ao seu estilo para compensar. Mesmo assim, não vai poder andar à vontade, “já que os testes da escola pesam mais e tenho que estudar”. De fora fica ainda a entrada de touros já que, segundo Raquel Santos, “depois dos exageros da noite de quarta-feira, a manhã do feriado é para ficar na cama a dormir”. Resta, por isso, comer e beber com os amigos e ver as caras novas que sempre visitam a Ascensão.Ana Roma, 37 anos empresária, – ChamuscaChamusca ganha outra vidaSó na edição do ano passado Ana Roma ficou a saber como se desenrola a “versão moderna” da Semana da Ascensão, depois de 16 anos de vida na Suíça. Da versão antiga lembra-se, sobretudo, da importância da entrada de touros como atracção principal.A festa é para si um local de encontros com os amigos, onde se come e bebe com prazer. Este ano destaca a presença dos Xutos & Pontapés e de Tony Carreira. Mas promete estar com atenção a todos quantos vão passar pelo Palco Ascensão.Ana Roma gosta também de fazer uma visita aos stands de artesanatoGosta de ver o artesanato, “especialmente as loiças alentejanas e as mostras de decoração”.A entrada de touros é um ex-libris a que não falta, “em lugar seguro”, assim como à corrida da praça de touros, ambas a realizar-se no feriado de quinta-feira. A Ascensão é, para Ana Roma, uma festa que dá muita vida à Chamusca, sendo essa a situação mais benéfica. Pelo contrário, deixa o aviso aos jovens para que “bebam menos de álcool que dá origem a algazarras”.Outra situação que alterava refere-se ao facto de a câmara não cobrar entradas nos espectáculos, adiantando que a autarquia deverá cobrar entradas a preços simbólicos que sirvam de ajuda a tanta despesa “por quem diz que a autarquia passa por dificuldades”. Miguel Carrinho, 27 anos,gestor, ChamuscaFesta que agrada a todosPara Miguel Carrinho, o mais interessante da Semana da Ascensão é a diversidade de oferta, com espectáculos para os jovens e para os mais velhos, “pimbas e menos pimbas”, actividades culturais, artesanato, entre outras. “Pessoalmente agradam-me mais os espectáculos do palco da juventude, a uma hora mais tardia, na onda do reggae e do rock, onde há muita animação. Este ano estou com curiosidade em ouvir os Jim Dungo, de quem tenho ouvido falar bem”, aponta, ainda que reconheça a animação que é ver um concerto de Quim Barreiros ou os “velhinhos” Xutos & Pontapés. Além da música, Miguel Carrinho centra atenções na gastronomia, não descurando apreciar os bons petiscos, grelhados, queijinhos e enchidos típicos da região.Em seu entender o mais positivo da festa é o ecletismo, onde todos os públicos encontram actividades ao seu gosto, “sendo quase unânime que se trata da melhor e mais completa festa da região”. A noite de quarta para quinta-feira, feriado municipal, é a mais forte da Ascensão, “onde há espaço para maiores abusos”.Alguma falta de continuidade de actividades no final do entretenimento no palco da juventude e o condicionamento da festa à boa vontade de “São Pedro” são para, Miguel Carrinho, os pontos menos bons da Ascensão.Ainda assim, considera que a Chamusca conta este ano com um cartaz bastante forte, num investimento com retorno. “Nota-se na cara das pessoas da terra o orgulho e o ego bem cheio com a sua festa”, conclui.Horácio Trincão, 54 anos vulcanizador, ChamuscaEncontrar mais patrocíniosA Ascensão de Horácio Trincão é diversificada, acabando por visitar todas as “capelinhas”. Vê os artistas em palco, aprecia o artesanato e dá uma volta pelas tasquinhas com os amigos, embora reconheça não ser muito apreciador de bebidas. No cartaz musical os Xutos & Pontapés são os que vão mais de acordo com o seu estilo. Horácio Trincão confessa-se pouco adepto da corrida de touros, mas não vai deixar de assistir à entrada dos possantes animais bravos, uma tradição muito antiga. “Antigamente fazia-se com os touros que vinham para a corrida e actualmente servem apenas para aquele fim”, faz questão de lembrar. Depois de muitas festas há episódios que ficam na memória em que recorda como, numa ocasião, um touro se desviou dos restantes e esteve praticamente encostado às suas costas. “Eu bem queria fugir mas só tinha pessoas à minha frente com a atrapalhação. Mas também houve uma ocasião em que alguns animais fugiram para o resto da vila e houve quem fosse apanhado”.Para Horácio Trincão já não há maneira de acabarem com esta festa da forma como as pessoas estão ligadas a ela, mas defende que, sendo cara para o erário público, “a câmara deveria encontrar mais patrocínios para fazer um esforço menor”. Maria Leonor Nalha, 37 anos, empresária, ChamuscaAcabar com os excessosTony Carreira, Ruth Marlene, Canta Bahia, Delirium. Todos os grupos soam como música aos ouvidos de Leonor Nalha mas a sua disponibilidade para os concertos está dependente do serviço que tem à frente do café. “A Ascensão é sempre uma festa muito bem vinda porque a Chamusca costuma estar demasiado parada”, considera.Outro dos pontos fortes é a festa brava a que se costuma associar assistindo, todos os anos, à corrida de touros. De fora fica a entrada de touros pela rua Direita de S. Pedro, para aproveitar a manhã do feriado para o negócio, aproveitando as muitas pessoas que se movimentam pela Chamusca. Resta ainda um bocadinho de tempo para visitar os stands representativos do concelho.Pela negativa, Leonor Nalha gostaria que se cometessem menos exageros que os que são habituais durante a festa e que, na sua opinião, dão mau aspecto. “Os bares deviam fechar mais cedo porque as raparigas acabam por andar metidas na bebida até às tantas da madrugada”, diz. O melhor que extrai da semana é a animação e o movimento que faz com que venha muita gente do concelho e de fora. Ainda assim, defende que há muito dinheiro investido pela câmara que devia ter retorno. “Se os espectáculos fossem pagos, mesmo a um preço mínimo, já seria uma ajuda para sustentar a semana da Ascensão”, conclui. José Barreto, 39 anos, empresário, ChamuscaOrgulho dos chamusquensesJosé Barreto já passou os olhos pelo programa da Ascensão e, na parte dos concertos, a sua preferência vai para os “dinossáurios” Xutos & Pontapés. Para si vale também a pena ir ver e ouvir a boa forma de Tony Carreira, a boa música de Vitorino, os espectáculos próprios de Quim Barreiros e recordar a carreira de Marco Paulo.Ligado à Associação dos Bombeiros Voluntários da Chamusca, José Barreto vai estar em “missão” no stand da festa a vender rifas e angariar fundos. “Depois vou passear à noite, ouvir os concertos, apreciar a festa brava, beber uns copos e andar a pé, porque não se pode conduzir nesses dias”, descreve de forma bem disposta.A entrada de touros já é uma tradição e José Barreto não costuma faltar a essa festa da manhã do feriado. “Fico encostado à parede ou a uma porta, de preferência aberta”, garante.O resto do seu programa reparte-se pelos comes e bebes e pela mostra de actividades económicas do concelho, em que cada empresa mostra o que faz de melhor. Além dos espectáculos de teatro que considera bastante interessantes. “A noite de quarta para quinta-feira tem muita tradição na Chamusca e, mesmo deitando-se de manhã, as pessoas levantam-se para ir à entrada de touros, às 11 horas, atraindo milhares de pessoas. E ir à corrida de touros à tarde”, explica, adiantando que na sexta-feira pouca vontade há de trabalhar na Chamusca, com a ressaca de tanta manifestação de alegria.José Araújo, 87 anos, reformado, Chamusca A tradiçãoda entrada de tourosJosé Araújo passou por dezenas de edições da festa da Ascensão. No seu tempo, as entradas de touros faziam-se com os animais que iam participar na corrida da tarde. “A rua Direita enchia-se de gente, com touros puros e em que até chegava a haver éguas furadas”, recorda.Para o velho morador da terra branca o principal da Ascensão é a vertente taurina e ainda hoje se considera atrevido, ficando na rua à espera da entrada dos touros, “mas com um olho no burro e outro no cigano”.Actualmente a festa conta com a música como parte importante e José Araújo destaca que ali acorrem artistas da melhor categoria, como Marco Paulo, Vitorino, entre outros que vêm este ano.O tempo restante é passado a dar algumas voltas junto à zona da picaria e dos concertos mas também para consolar o estômago. “Na quinta-feira de Ascensão gosto de ir petiscar uma cachola com uns amigos, com um tintol a acompanhar”, antevê José Araújo, que diz ser difícil haver festa no Ribatejo que consiga rivalizar com a da Chamusca.

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