uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

“Sinto-me capaz para qualquer cargo”

Vice-presidente da Câmara da Chamusca fala da sua visão para o concelho e admite suceder a Sérgio Carrinho

O actual vice-presidente da Câmara da Chamusca, Francisco Matias, é por muitos apontado como o natural sucessor do actual presidente Sérgio Carrinho. Ainda não sabe qual será a decisão do seu chefe de equipa e da CDU, mas afirma-se disponível e preparado para assumir qualquer cargo.

Há muito tempo que se coloca a possibilidade do actual presidente, Sérgio Carrinho, não se voltar a candidatar e o seu nome surge sempre como uma das mais fortes possibilidades de sucessão. Já está alguma coisa definida nessa matéria?A CDU não trabalha por dinastias mas sei que as pessoas pensam isso, talvez por ser uma pessoa mais nova e que acompanha o presidente há mais tempo, coordenando alguns grupos de trabalho. A CDU está a fazer uma grande reflexão, estão a ser auscultadas várias pessoas para se definir quem são as melhores equipas e qual será o melhor candidato. Ainda não está nada definido mas haverá notícias no final do mês de Maio ou em Junho.Qual é a sua expectativa? Sente-se preparado para assumir a presidência se essa for a escolha da CDU?Estou disponível para o trabalho até porque gosto destas funções. E se não se gostar do trabalho autárquico não vale a pena estarmo-nos a candidatar. É obvio que sei que as pessoas não são eternas e se porventura o Sérgio Carrinho não se recandidatar, obviamente que a CDU me pode escolher a mim ou a qualquer outro.Ficaria magoado se a escolha não recaísse em si?Não porque a nossa cultura de organização não se rege por essas expectativas. Obviamente que tenho ideias muito próprias sobre o que deve ser o futuro e não as ando aí a partilhar porque o meu papel não é esse. Em ternos de estar preparado, sinto-me capaz para qualquer trabalho em termos da autarquia. Não é só pela experiência porque a questão da experiência pode esconder alguma incompetência, mas estou por dentro dos dossiês e do funcionamento da câmara. Conheço bem o concelho e os objectivos de desenvolvimento que têm de ser seguidos.“Câmara não poder ser um centro de emprego”Está em sintonia com a aposta estratégica feita em torno do sector da recolha e tratamento de resíduos e da criação de empregos ligados a empresas na área do ambiente?Sim e assumo isso publicamente. Tenho é uma costela mais verde, até porque na minha juventude pertenci a organizações ambientalistas, o que me faz ser muito crítico e muito atento para que haja cautelas na gestão deste tipo de infra-estruturas de risco. Para nós, sendo um dos concelhos considerados em morte social, se não houver uma forte aposta num sector industrial diferente não temos qualquer hipótese. Tem de ser numa área especializada. Quando falamos nos lixos temos falar também em parques ambientais e em energias renováveis. A biomassa pode ser uma coisa muito importante e com muita potencialidade aqui no concelho. Os resíduos da floresta podem-se transformar em energia eléctrica que tem valor acrescentado. Nós dependemos em 84 por cento do orçamento geral do Estado, não temos grandes receitas próprias mas temos de as procurar.E as questões sociais?As questões sociais não podem ser apenas desta forma caritativa, com entregas de casas e de subsídios. Têm de ter uma organização e nós temos projectos para isso mas são precisos contratos-programa e fundos comunitários. Se não, só andamos a manter o que já temos e isso não pode ser porque os cidadãos têm vidas frágeis e a câmara tem de fazer esse esforço. Nem que tenha de reduzir em semanas da Ascensão e outras coisas. Temos de manter cá pessoas. Mas repito que para fazer obras médias e grandes só com receitas alternativas.Até porque a câmara não tem uma situação financeira muito boa…Em termos financeiros a câmara tem uma situação muito débil. Tem de haver uma nova gestão. A gestão financeira pura e dura já pertence ao passado e no futuro tem de haver uma gestão mais política das finanças. Uma empresa tem de ter lucros e o empresário tem de gerir as suas oportunidades de mercado, o pessoal que tem, etc... No caso das autarquias não há a preocupação do lucro mas tem de haver uma outra que é a contenção e restrição de custos. Temos de optimizar as finanças da câmara, renegociando dívidas, embora isso para já não seja possível. A gestão financeira não pode recair apenas no presidente da câmara. Tem de haver quadros intermédios políticos que ajudem nessa gestão. A câmara tem uma carga muito grande com a mão de obra…Sim. A câmara tem um quadro de 150 trabalhadores. É a primeira empresa do concelho em termos de mão-de-obra. Neste momento temos o dobro desses 150 funcionários porque co-financiamos várias empresas de inserção e financiamos projectos de emprego social através de acordos com várias organizações. Se fosse uma empresa, íamos para a falência. Mas é um custo que temos de ter para que a situação social não seja dramática. O Estado tem que olhar para estes concelhos e tem de haver aqui um entendimento para que estas pessoas que não têm emprego sejam acompanhados de outra forma. Daí o tal novo projecto social que nós enquadramos num centro de empresas, num centro de inclusão social e formação. Não é possível continuarmos a ser um centro de emprego.No actual executivo há um vereador de outro partido a quem foram entregues pelouros. Concorda com este tipo de situação?Há camaradas meus que dizem que parece que estamos feitos com eles e sei que o contrário também se passa. Mas isto tem a ver com pessoas e acho que é uma ideia a manter. A CDU aqui na Chamusca sempre fez um esforço para trabalhar com toda a gente. Já somos poucos e temos de nos juntar todos em prol do concelho.E se acontecer o contrário, se outro partido vencer as eleições, aceita algum pelouro que eventualmente lhe seja oferecido?No sei o que os outros pensam sobre isso mas, no meu caso, tudo dependeria das pessoas e do programa que me fosse apresentado. As pessoas às vezes dizem que nós somos trapalhões, mas em política o que hoje é verdade amanhã pode não o ser. As coisas alteram-se, embora tenha de haver coerência. Se isso acontecer, analisarei no momento. O importante é haver uma boa equipa para o concelho.Como vice-presidente da câmara e elemento mais ligado à organização, a Semana da Ascensão é uma época de muito trabalho e pouco descanso…As pessoas podem não acreditar mas nós, vereadores da Câmara da Chamusca, trabalhamos muito. Temos sempre muitas noites e muitos sábados ocupados mas quando chega a esta altura sobra sempre um pouco para mim e não posso dormir muito. É um bocadinho duro mas no fim acabo por perder sempre uns quilitos, o que é bom (risos). Mas faço-o com gosto porque é uma actividade com as pessoas que diz muito a esta terra.

Mais Notícias

    A carregar...