Na região de Torres Novas quando se pergunta pelo resto é vulgar dizer-se que “o resto é de Alcorriol”. A expressão entrou na linguagem corrente, mas nem todos saberão a sua origem. O Resto é mesmo de Alcorriol.João José Rodrigues Resto tem 74 anos e tornou-se conhecido devido, em grande parte, ao nome de família. Resto não é vulgar e ele foi o único da sua geração a herdar por apelido a alcunha de um bisavô. Não o passou aos filhos, mas a sua neta mais nova vai garantir a continuação dos restos.Ao cabo e ao resto o apelido teria surgido lá para meados do século XIX quando um ascendente de João José Rodrigues Resto, bisavô ou trisavô, comeu uma quantidade exorbitante de pão e ainda perguntou se havia por lá mais algum resto. A história teve origem numa festa quando o tal senhor pediu a uma padeira se tinha um pouco de pão, ao que ela respondeu que lhe dava o pão todo se ele fosse capaz de o comer. Ele começou a comer, a comer, a comer e quando tinha o pão quase todo comido e já muito enfartado perguntou: “Há por aí mais algum resto?”. “A senhora lá lhe chamou alguns nomes e ele ficou conhecido por Resto”, conta o descendente.A alcunha passou a apelido, foi transmitido de pais para filhos, mas na geração de João José só ele o herdou. Apesar da curiosidade do nome, João José Rodrigues Resto não passou o apelido aos filhos. Na altura, não “engraçava“ muito com o nome e o padrinho do filho mais velho muito menos. Como o mais velho não teve direito a Resto os dois seguinte também não. Hoje sente pena dessa decisão, mas a mais nova dos seus seis netos recuperou o nome do avô. “É a única que tem o nome, por enquanto, porque a mãe dela quer alterar o nome da irmã e pôr-lhe também Resto. E o meu neto mais velho diz que quando crescer também vai pôr Resto no nome”, dizAssim sendo o apelido Resto vai continuar a dar fama a Alcorriol, porque até há pouco tempo João José costumava dizer “quando eu morrer acaba-se o resto”.