uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
PS com a casa arrumada

PS com a casa arrumada

Paulo Fonseca deixou os candidatos às autárquicas já escolhidos antes de rumar ao Governo Civil
Porque é que um político jovem e activo deixa o cargo de deputado para que foi recentemente eleito e suspende a liderança do PS distrital em vésperas de eleições autárquicas para ser Governador Civil de Santarém?Não se trata de abandonar o lugar de deputado, mas como fui merecedor desta confiança consubstanciada no convite para ser Governador Civil achei que era suficientemente apelativo. O que mais me move em política é fazer coisas pelo meu distrito e o cargo de Governador Civil tem uma função de natureza política que permite defender esta região de uma forma mais activa do que talvez na Assembleia da República.Como, se o cargo tem vindo a ser esvaziado de competências?O cargo tem vindo a ser esvaziado de competências com o objectivo de se criar a regionalização. Mas a regionalização, com disse o primeiro-ministro na campanha eleitoral e no programa do governo, irá ser alvo de um referendo só na próxima legislatura. Portanto nos próximos quatro anos há estabilidade no que se refere a essa matéria.Há estabilidade, mas as responsabilidades são reduzidas…Não. Há um reforço de competências dos governadores civis no que tem a ver com a coordenação dos organismos desconcentrados da administração pública para além das funções já conhecidas. O que tornou a aceitação deste convite mais sedutor enquanto órgão que pode dar protagonismo ao distrito.O que é que pensa que pode fazer concretamente pelo distrito, para além de ser mero intermediário na atribuição de apoios a associações.Esse tipo de postura tem que mudar um pouco. Os órgãos são as pessoas que estão à frente. Qualquer função é desenvolvida em função da dinâmica que o titular lhe der. E eu faço tenção de trazer grande dinâmica assumindo aquilo que é meu dever e que me está conferido em termos legais que é a representação do governo no distrito, mas fazendo muito o contrário. Levando ao Governo a informação sobre os problemas e ambições da região vai-se de encontro à função de representante do governo, já que este quer conhecer de facto o que se passa no distrito.Essa informação não pode ser dada, ou já não é dada tanto pelos presidentes de câmara como pelos próprios representantes dos órgãos desconcentrados do Estado nas diversas áreas? E necessário um Governador Civil para fazer chegar a Lisboa essa informação?É necessário um Governador Civil para assumir um protagonismo em nome dessa região. Não compete a um dirigente da administração pública fazer essa coordenação. Compete-me coordenar todos os serviços e zelar para que eles cumpram o programa do governo.E se o programa do Governo para a região não for cumprido? É pessoa para tomar uma posição pública?Não tenha dúvidas sobre isso. E devo dizer que isso é do agrado do governo, que quer conhecer o que se passa no país. A melhor forma de governar é saber os dados objectivos, reais. Vai ser um aliado dos autarcas nas suas reivindicações?Dos autarcas e de toda a população, de todas as instituições do distrito. Por vezes fica a ideia de que este cargo é uma espécie de prateleira dourada, que assentaria melhor a um político em fim de carreira em jeito de recompensa. Discordo totalmente. Eu quero imprimir uma grande dinâmica a este cargo e estou muito orgulhoso de ter sido escolhido para ele. Naturalmente quando muitas vezes se fala em prateleira dourada é com sentido pejorativo porque há muitos governadores civis, no passado e no futuro, que têm um comportamento de se porem a jeito para essa designação. Eu não tenho feitio para isso, sou um homem de acção, um homem dos sete instrumentos, como costumo dizer.Como é que um homem de acção se põe à margem numa época tão apelativa e fervilhante politicamente como esta, em vésperas de eleições autárquicas?Não me pus à margem. Sou presidente da federação distrital do PS, suspendi a função a partir do momento em quem vim para Governador Civil, mas o Partido Socialista tem os candidatos todos escolhidos no distrito. Todo o processo está organizado. Posso dizer que, neste momento, toda a coordenação da campanha eleitoral está devidamente organizada nos 21 concelhos.Deixou a casa arrumada?Sim. Todos os candidatos estão definidos e legitimados e têm todos os dados para que a campanha eleitoral se organize convenientemente.Numa altura tão sensível não acha que corre o risco de por vezes ser mal interpretado no exercício do cargo e de ser acusado de aproveitar essas funções para favorecer o seu partido?Pode haver uma leitura dessas, mas só de má fé. Sou o Governador Civil de todo o distrito de Santarém. Os meus contactos e as minhas disponibilidades para ajudar a resolver problemas são de igual forma para todos, independentemente do partido. O Governador Civil estará ao lado das grandes causas do distrito. Estou completamente a Leste dessa disputa eleitoral.E se o acusarem de andar a fazer campanha?Vão-me acusar disso seguramente e vão-me acusar de muito mais. Quem tem, digamos, a ousadia de assumir uma função destas já sabe que vão dizer coisas inimagináveis. Espero que não abusem muito, mas ficam desde já a saber que é para o lado que durmo melhor.Porque é que fez tanta questão de suspender as funções partidárias se não havia incompatibilidade? Foi um sinal para fora?Foi de facto um sinal para fora. Há um divórcio acentuado, e na minha opinião muito injusto, entre aqueles que desempenham funções políticas e os cidadãos por eles representados. A esmagadora maioria das pessoas que desempenham funções públicas e políticas fazem-no com as melhores das intenções, com empenhamento e com uma entrega quase da sua vida pessoal à causa pública.Sim, mas também há as excepções…Naturalmente que no melhor pano cai a nódoa e há pessoas na política que a exercem de forma indigna. Tal como há advogados, pedreiros ou empregados de mesa bons e maus. Mas talvez pela visibilidade pública da política há um divórcio que me parece injusto e é preciso dar sinais no sentido inverso, para tentar inflectir esta tendência. E entendi que este era um pormenor relevante nesse sentido.
PS com a casa arrumada

Mais Notícias

    A carregar...