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O enxertador da Parreira

Há mais de uma década que Custódio Rita se dedica a esta arte
O campo sempre foi a sua vida. Mas desde que tirou o curso de enxertos que Custódio Rita tem feito dessa arte a sua principal fonte de rendimento. À jorna, por conta de patrões, ou de empreitada, o agricultor florestal corre toda a mancha florestal da região, “ajudando” os pinheiros a darem pinhas mais cedo e desenvolvendo assim a economia da freguesia.O dia começa cedo para Manuel Rita. Logo pela manhã o agricultor da Parreira leva os seus homens para uma área onde estão plantados pinheiros ainda pequenos e a tarefa começa. Primeiro há que tirar de dentro das geleiras os espigos, a que chama “garfos”, dos pinheiros, que apanhou de madrugada.O frio torna os garfos rijos para o enxerto pegar. No máximo, os garfos só podem estar três dias no gelo, depois disso não vale a pena enxertá-los porque não pegam.Custódio Rita aproxima-se de um pequeno pinheiro e pousa ao lado as “ferramentas” de trabalho. Um balde com grandes envelopes de papel, um molho de sacos de plásticos e um saquinho mais pequeno cheio de tiras de plásticos listadas de vermelho e branco, parecidas com aquelas que a polícia usa para vedar locais de operações.De navalha na mão, Custódio Rita começa o trabalho. Corta o garfo mais alto do pequeno pinheiro e faz um corte no que resta dele. É ali que vai colocar o pedaço de garfo já cortado e aparado que colheu de madrugada noutro local, amarrando-o com a fita plástica.“Isto parece fácil mas tem muita ciência”, vai dizendo o agricultor enquanto faz o trabalho. Depois da fita amarrada é colocado um saco de plástico dentro de um envelope de papel – para criar a humidade necessária ao desenvolvimento do enxerto – sendo depois colocados os dois por cima do garfo enxertado do pequeno pinheiro. No final ata-se o saco e corta-se os garfos à volta do enxerto.O corte das restantes pontas do pinheiro é necessário para que o enxerto dê resultado. “Se estes não fossem cortados puxavam a água toda para eles e o enxerto secava. Assim estão todos em pé de igualdade”A época de enxertos decorre entre Abril e Maio. Seis semanas decorridas sobre o trabalho feito, Custódio Rita vai ao local tirar o invólucro que tapa o enxerto e em Outubro regressa para tirar a fita. Depois é só esperar que a “coisa” dê resultado.“Ao fim de dois anos já há pinheiros a dar pinhas” garante o agricultor, adiantando que no curso foi-lhe dito ser satisfatório conseguir que 50 por cento dos enxertos feitos em pinheiros vinguem. “Na maioria dos enxertos que faço mais de 80 por cento deu resultado”, diz Custódio Rita com orgulho.

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