Resposta à letra
CDU acusa Rui Barreiro de “propaganda política” ao escrever aos munícipes
A CDU diz que as obras de remodelação do Largo Cândido dos Reis, em Santarém, não andam mais depressa porque a câmara planificou mal a intervenção.
A Coligação Democrática Unitária (CDU) acusa o presidente da Câmara de Santarém, o socialista Rui Barreiro, de fazer “propaganda política” ao escrever aos munícipes pedindo-lhes desculpas pelo atraso nas obras de remodelação do Largo Cândido dos Reis, no centro da cidade. As obras começaram no Verão passado e já deviam ter terminado se fossem cumpridos os prazos previstos.Em comunicado emitido pela CDU na semana passada, a maioria socialista na autarquia é ainda acusada de estar a executar a empreitada “como uma manta de retalhos” e de não ter dinheiro para andar mais rapidamente com a empreitada.“A responsabilidade dos atrasos nas obras de remodelação do Largo Cândido dos Reis assenta na falta de planificação financeira e dos trabalhos, incluindo a inexistência de um projecto consolidado para a execução e cumprimento dos respectivos prazos”, acusa a CDU em comunicado.Em jeito de resposta à carta que o socialista Rui Barreiro dirigiu recentemente aos munícipes – onde avançava algumas justificações para o atraso nas obras, como as pesquisas arqueológicas –, a CDU refuta as alegações do autarca e diz que as obras só não andam mais depressa porque a câmara não tem dinheiro para pagar a parte que lhe compete.Recorde-se que parte da empreitada, que consistiu, entre outras obras, na construção de uma gigantesca rotunda de forma oval, foi suportada pelo grupo Imocom, que havia construído o centro comercial existente na zona. O que leva mesmo a CDU a dizer que a obra andou ao sabor de interesses particulares: “Não é por acaso que, em primeiro lugar, foi remodelada a zona pedonal fronteira ao centro comercial e, traçada e asfaltada a área de circulação rodoviária. Foram os proprietários do espaço comercial que pagaram integralmente esta obra”. Um investimento de cerca de 300 mil euros, garante a coordenadora de Santarém da CDU.O presidente da câmara alegou na carta, colocada nas caixas de correio de muitos habitantes da cidade, que o arrastar da empreitada se deve às sondagens arqueológicas e aos importantes achados que se registaram naquela zona. Trabalhos que implicaram “enormes movimentações de terras e tiveram especial impacto no Largo Cândido dos Reis e zona envolvente” e condicionaram o tráfego.Mas a CDU tem uma leitura diferente e diz que a razão é outra. “A câmara não tem garantidas verbas para prosseguir a execução do projecto, que orça 775 mil euros”, diz taxativamente.A coligação liderada pelo PCP, que tem dois vereadores no executivo camarário, aponta ainda alguns erros de planificação ou de concepção”. Como a criação de uma placa central sem possibilidade de utilização pelos cidadãos, o esbatimento da importância do monumento a Salgueiro Maia, a excessiva inclinação do piso de circulação rodoviária e a incorrecta e confusa colocação de passadeiras.Por último, os comunistas classificam a carta de Rui Barreiro como uma “acção de propaganda junto dos munícipes” que serviu apenas para “justificar o injustificável”.Na sessão da assembleia municipal de sexta-feira, a eleita da CDU Rosalina Melro reforçou o teor do comunicado e questionou directamente o presidente da câmara acerca dos custos da empreitada e seu prazo de conclusão. “Explique-nos as dúvidas que andam por aí”, desafiou.Mas Rui Barreiro não adiantou nada ao que já vinha dizendo anteriormente. Reiterou que as obras seguem um ritmo mais lento que o normal devido às sondagens arqueológicas e que o conteúdo da carta enviada aos munícipes é “suficientemente esclarecedor”. Quanto ao custo das obras nem uma palavra.
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