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Uma profissão radical

Uma profissão radical

Luís Quintas, 28 anos, ganha a vida a organizar actividades de desporto e aventura

Luís Quintas, 28 anos, ganha a vida ao ar livre, organizando actividades de desporto aventura, como canoagem, slide, rappel ou ciclismo todo-o-terreno. Uma profissão radical que tem também a sua parte logística e de planeamento.

Os desportos de aventura são com ele. Natural do Sardoal, Luís Quintas, 28 anos, sempre gostou da vida ao ar livre. E como numa terra do interior poucos divertimentos havia para entreter a gente nova, Luís com os seus três irmãos e quatro primos direitos partiam à aventura pelos montes e ribeiras do concelho. Pouco a pouco o que era apenas uma brincadeira de miúdos começou a ganhar forma.Com um grupo de amigos começou a praticar windsurf, entrou em provas federadas de todo-o-terreno em motos e jipes, faz montanhismo, escalada e rappel. Conhece a zona, os percursos pedestres, os obstáculos e aos 17 anos iniciou a actividade de guia. A forma como fala é reveladora do gosto que tem pelas actividades ao ar livre.“Gosto muito do que faço”, afirma. A conversa decorre nas muralhas do castelo de Abrantes enquanto não chega a altura de ajudar mais uns aventureiros a descer das alturas, deslizando por uma corda ou andando pelas paredes. Um grupo de adolescentes espera que o monitor lhes coloque ou ensine a colocar o capacete e as fitas em torno dos pulsos, presas a uma roldana, que os fazem escorregar pela corda até atingirem o solo, lá em baixo na base do castelo. A empresa onde Luís Quintas trabalha organiza passeios, fins-de-semana ou tardes de actividades mais ou menos radicais, conforme as idades dos participantes, as suas pretensões ou épocas do ano. Os desportos náuticos são outras das ofertas que fazem as preferências de Luís Quintas. “O windsurf, a canoagem, os passeios de jangada a motor são muito solicitados”, diz adiantando que já não têm conto as vezes que desceu o Zêzere: “Há dias em que faço duas descidas”.Mas esta vida de aventura não é só descobrir novos percursos, novas formas de ultrapassar obstáculos e, sem grandes riscos, desafiar-se a si próprio. Há um outro trabalho feito à secretária, contactar empresas e grupos para angariar novos clientes ou responder às solicitações dos que procuram a Alfa Aventura. É também tempo de traçar os circuitos sobre as cartas militares e organizar os mapas para cada prova ou passeio.“O trabalho no escritório é o menos agradável, mas tem de ser feito”, confessa. Normalmente o dia deste animador turístico inicia-se pelas 11h00 e prolonga-se até às 19h00. Isto desde que não haja actividades ao ar livre.Luís Quintas é autodidacta nesta profissão. “Quando comecei não havia formação na área. Como gosto dos desportos ao ar livre, fui aprendendo, tirei um curso de socorrismo e outro de nadador salvador”, diz. O resto é por sua conta. Aos fins-de-semana percorre a zona e descobre novos circuitos. Extra profissão, faz os seus próprios passeios. De Inverno, quando há neve, viaja até à serra da Estrela ou parte com a prancha para praticar windsurf. “Os desportos náuticos começam a ter cada vez mais peso e desde que a empresa ficou com a concessão na Aldeia do Mato temos muitos pedidos”, continua.Mas há também actividades para crianças, escolas que pedem ao animador turístico um programa para gente a partir dos 6 anos. Jogos simples que divertem e fazem sonhar com a aventura. Depois há os grupos de jovens em fim de curso e também as empresas com gente dos 25 aos 40 anos. Para cada idade ou interesses o seu programa.Apesar de haver percursos e actividades mais perigosas, Luís Quintas só teve duas situações mais difíceis. Uma na albufeira e outra num passeio de bicicleta. “Essa foi mesmo a pior, um dos participantes caiu e partiu uma perna”, recorda.À aventura e à vida ao ar livre, o animador turístico soma o conhecimento dos locais de interesse, em que o património natural ou edificado merecem referência. “O turismo é cada vez mais importante. Começa a haver muita concorrência, há muita gente a ser guia e a promover desportos ao ar livre e de aventura e só há pouco tempo apareceu legislação”, diz acrescentando que a empresa possui toda a logística necessária e com material de segurança.Enquanto Luís Quintas tiver força, esta é sem dúvida a sua profissão. “Depois, quando os anos já não me permitirem praticar estas actividades, vou dedicar-me só à logística e a organizar passeios turísticos”, conclui.Margarida Trincão
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