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A terra onde nasce o Alviela

A terra onde nasce o Alviela

A freguesia da Louriceira quer aproveitar a sua beleza natural

Criar um centro de dia e transformar parte da povoação numa aldeia típica são alguns dos projectos que o presidente da Junta de Freguesia da Louriceira quer concretizar entre o actual e o próximo mandato.

A freguesia da Louriceira, concelho de Alcanena, é uma terra com história mas com poucos registos do seu passado. De facto, refere-se que terão sido os jesuítas a levar o espólio da freguesia mas sabe-se que a antiguidade da igreja matriz da Louriceira remonta a 1151. A terra viveu uma série de reviravoltas em matéria administrativa. Pertenceu a Torres Novas, Santarém e novamente a Torres Novas, até ser integrada no concelho de Alcanena. Em tempos antigos Amiais de Baixo, Malhou e Espinheiro também pertenceram à Louriceira.A Louriceira é das mais pequenas freguesias do concelho de Alcanena com cerca de 620 habitantes distribuídos ao longo de 13,2 quilómetros quadrados. Uma pequena ilha que delimita fronteiras com as congéneres de Vaqueiros, Pernes, Amiais de Baixo e Abrã (todas do concelho de Santarém), e Bugalhos, Monsanto, Alcanena e Serra de Santo António, do concelho de Alcanena. A actividade económica da freguesia é dominada pela indústria de curtumes de Alcanena que emprega a maior parte da população (85 a 90 por cento), seguindo-se a moagem do Mozeiro como principal fonte de trabalho para os habitantes da Louriceira. Há ainda carpintarias, serralharias, alguns restaurantes, além de pequeno comércio e cafés.Uma situação que o presidente da Junta de Freguesia da Louriceira, Joaquim Gomes, considera preocupante. “A monoindústria é um problema grave quando se sabe que os curtumes atravessam uma grave crise e muita gente é afectada. Faltam condições para criação de parque industrial com actividades diferentes”, avisa.Em matéria de acessibilidades, a freguesia está bem servida. Seja pela EN 365-4, desde Pernes, pela EN 361 de Abrã (Santarém) ou por Alcanena, saindo pela A1 no nó de Torres Novas. Caminhos que bem podiam ser melhor aproveitados em termos turísticos na freguesia onde nasce o rio Alviela e onde ficam os Olhos de Água. Mas, segundo Joaquim Gomes, o projecto de criação de uma empresa municipal para exploração daquele local nunca passou do papel. Zonas de lazer junto ao açude da Ferreira e aos Olhos de Água do Alviela, as nascentes do rio que brotam da freguesia até ao limite com Vaqueiros.A igreja matriz de Nossa Senhora da Conceição é o ponto de maior interesse arquitectónico e de património, situado no núcleo central da povoação e classificado, em 1995, como Imóvel de Interesse Público pelo Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR).O imóvel vai ser alvo de uma candidatura para restauro dos azulejos, da talha dourada e dos quadros do seu interior, no valor de cerca de 100 mil euros. Igreja apreciada pelos seus, apesar da pouca tradição religiosa da freguesia, que sempre se assumiu maioritariamente de esquerda. Em matéria de qualidade de vida, já pouco falta para que haja uma cobertura efectiva de saneamento básico na freguesia. Segundo Joaquim Gomes, falta apenas 15 por cento do território, que corresponde a cerca de 100 habitantes do lugar da Carvalheira. A rede de abastecimento de água está a cem por cento. Mais preocupante é o envelhecimento da população. Joaquim Gomes pensa mesmo que a taxa de natalidade na freguesia deve ser inferior à de mortalidade. Situação que, em seu entender, tem a contribuição do actual Plano Director Municipal (PDM).A inércia da Câmara de Alcanena é um dos motivos apontados pelo autarca, que reclama um revisão do PDM que permita que os jovens casais se fixem na freguesia e não optem por comprar casa em Alcanena ou Torres Novas. Como resultado há apenas 16 crianças na escola de primeiro ciclo e 12 no jardim-de-infância.Para proporcionar alguma qualidade de vida à população mais idosa, Joaquim Gomes quer concretizar o projecto de criação de um centro de dia, com capacidade para cerca de 60 utentes. O terreno já foi adquirido e o projecto está em vias de conclusão para ser apresentado à segurança social. Ficando a actual sala da junta, onde os idosos convivem e realizam várias actividades lúdicas, destinada à instalação de computadores com acesso à internet.No campo da saúde a prestação de cuidados é suficiente. Existe uma sala destinada a esse fim na sede da junta e os habitantes contam com a presença bi-semanal de um médico e de uma enfermeira. Outro projecto em andamento é a criação da aldeia típica para requalificação de vários arruamentos do núcleo urbano da Louriceira. “Queremos fazer um arranjo das ruas com calçada, drenagem de águas pluviais e iluminação típica, para dar um ar mais tradicional à povoação”, esclarece Joaquim Gomes. Uma acção que passa ainda por reconverter a fachada do pavilhão polidesportivo e da sede da junta, com a colocação de telha cerâmica e beirado português. Ambos possuem uma traça moderna que contrasta com a da igreja matriz, situada a meia dúzia de metros. Duas colectividades estão activas na freguesia. O Centro Recreativo e Desportivo Louriceirense (CRDL) que, no início dos anos 90, chegou a militar na primeira divisão de futebol de cinco, e a Associação de Caçadores da Louriceira.O pavilhão do CRDL foi erguido pela população fruto do bairrismo que, para Joaquim Gomes, está mais dissipado. “Já foi maior quando havia desafios e as pessoas juntavam-se para dar o máximo. Hoje, os jovens juntam-se para jogar computador”, lamenta. Ricardo Carreira
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