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Os segredos da sopa do corno

Os segredos da sopa do corno

Na XII edição do Congresso da Sopa O MIRANTE foi conhecer uma receita já famosa

No dia em que se realizou a XII edição do Congresso da Sopa, O MIRANTE acompanhou a confecção da sopa de corno.

Ainda não eram nove da manhã do último domingo e já a azáfama era grande na cozinha do restaurante Piri-piri, onde o chefe Oliveira preparava a famosa sopa do corno que horas depois iria ser servida aos milhares de comensais que se deslocaram a Tomar para a XII edição do Congresso da Sopa.Vestido a preceito, o chefe de cozinha e proprietário do restaurante abria as panelas, mexia o caldo e cortava as couves que iriam lá para dentro assim que o feijão levantasse fervura.Há seis anos que o chefe Oliveira leva a sopa do corno – e não de corno, como se diz por hábito – ao congresso. Uma receita que, confessa, não é da sua autoria. “Foi-me cedida por um restaurante de Samora Correia”.Conta o proprietário do Piri-piri que a ideia foi sugerida por um amigo fadista. “Um dia comentei com esse amigo a minha preocupação sobre que sopas fazer para o congresso e ele falou-me da sopa do corno de Samora, na altura muito famosa”, refere o chefe Oliveira, adiantando que após várias tentativas para contactar os proprietários do Mestre André, a receita foi mesmo dada por telefone.O chefe Oliveira não teve curiosidade em saber a origem do nome - “estava mais interessado na sua confecção” – mas, ao que consta, o nome terá surgido por causa de uma cornada que António André, o proprietário do restaurante de Samora, terá levado de uma bezerra enquanto preparava uma sopa numa festa ao ar livre.O nome ficou e a sopa ganhou fama, sendo actualmente uma das principais concorrentes à famosa sopa da pedra de Almeirim. A diferença está no facto de a sopa do corno levar bastante hortaliça, diz o chefe Oliveira.Que na véspera já tinha cozido a carne de vaca, o chispe e a orelha de porco, cortados em pequenos pedaços, a que depois de juntou a linguiça e chouriço, também cortados finamente.Logo pela manhã, duas panelas foram colocadas sobre o fogão industrial, com o feijão já cozido a ser “apaladado” com a água de cozer as carnes. Todas menos a que cozeu o chispe, por ser demasiado gorda. Ao caldo foi-se juntando também a cenoura, a cabeça de nabo e abóbora porqueira, depois de serem picadas.Com a sopa ao lume faltava apenas preparar as couves – portuguesa e lombarda - e a nabiça. Com uma vitalidade invulgar para os seus 70 anos, o chefe Silva “ataca” as couves, cortando-as em cima da grande tábua que ocupa metade da bancada de inox que está no centro da cozinha.Quando o caldo levanta fervura junta-se os verdes e o pacote de massa de cotovelinho, tendo o cuidado de não deixar a massa agarrar ao fundo das panelas. Depois é só rectificar os temperos e introduzir as carnes.Às dez da manhã os 50 litros de sopa estão prontos para serem levados até ao Mouchão Parque para serem saboreados pelos milhares de sopeiros que este ano ocorreram à décima segunda edição do Congresso da Sopa.Muitos comensais que se abeiravam da tasquinha que ostentava o placarde com o nome da sopa do corno perguntavam a quem servia se a principal matéria prima – o corno – estava no fundo da panela. “Não senhor, esta de corno só leva mesmo o nome”, respondia a neta do chefe Oliveira, encarregada de servir o caldo.Margarida Cabeleira
Os segredos da sopa do corno

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