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Azarado Manuel Serra D’Aire

Há coisas nesta vida que são difíceis de perceber. Os comunistas são quem mais fala em alternância, em democracia, em acabar com os monopólios e privilégios e por aí fora, que tu já conheces bem a lenga-lenga. O problema é o raio da realidade que teima em atravessar-se no caminho e trucidar tão boas intenções. Já reparaste que os candidatos do PCP aqui na região são quase sempre os mesmos. A deputada Luísa Mesquita volta a ser candidata à Câmara de Santarém depois de ter sido cabeça de lista pela enésima vez à Assembleia da República. É verdade que assim a CDU pode poupar nos cartazes, que dão de uma eleição para a outra, mas fica-se com a sensação que os comunistas na região cabem todos dentro de um táxi ou de um cacilheiro. O que não é favorável para a imagem do partido. Ainda se coubessem todos dentro de um paquete ou de um air bus…Repara no que se passa com os presidentes das câmaras de Constância, Benavente e Chamusca, outros que estão condenados a candidatarem-se enquanto fizerem parte do mundo dos vivos. Os homens já não podem com uma gata pelo rabo. Já estão fartos de recepções chatas, de croquetes e pastéis de bacalhau, de beijar crianças ranhosas e velhas a tresandar a naftalina, de aturarem os dirigentes associativos que vivem da pedincha, de vestirem fato e gravata...É uma vida do caraças, meu caro. É verdade que se ganham umas massas mas, quanto à reforma, tenho dúvidas que venham a usufruir dela, porque o partido não deixa. Enquanto tiverem um sopro de vida têm de se aguentar, nem que seja de cadeira de rodas e com o frasco de soro à ilharga. Lúcido Manel, mudando de assunto vou directamente à questão: os animais estão-se literalmente a cagar para nós, como tu muito bem lembras no teu último e-mail. Já não nos bastava alguns políticos e temos de levar também com a merda que produzem cães, pombas e, nesta época, também as andorinhas. Ninguém escapa a esta praga e não há volta a dar enquanto não se assumir isto como um caso de vida ou de morte. De vida ou de morte, disse bem! E a resposta está na cadeia alimentar e na nossa dieta. Se as pombas que povoam praças e telhados das nossas cidades fizessem parte do cardápio lusitano o problema estava resolvido. A verdade é que essas aves pavoneiam-se nas nossas barbas, engordam à custa do milho que nos chulam e ainda nos cagam em cima. Tivessem os restaurantes na ementa uma canjinha de pomba ou uns borrachos estufados e ias ver como depressa lhes passava a vontade…Aliás, as próprias câmaras deviam ter uma palavra a dizer nesta matéria. Em vez de andarem com as semanas do borrego, do cabrito, da enguia, da feijoada e por aí fora, feitas à custa da vida de animais inocentes e asseados que nunca esvaziaram a tripa numa calçada, deviam desafiar a criatividade dos restaurantes e incentivá-los a inventarem pratos à base de pomba, de andorinha e quiçá de cão. De gato não digo porque penso que já é um ingrediente usado nalgumas casas de pasto mais manhosas, embora com alguma parcimónia e discrição.Podes achar esta solução demasiado radical, mas eu garanto-te que é perfeitamente aplicável. Na China ou na Coreia, por exemplo, não vês cães a passear nas ruas largando-se à força toda. Lá, cão é carne para canhão, ou melhor, para comilão. Tal como cá não vês lebres, faisões, lagostas ou perdizes a mijar contra o pneu mais próximo ou a borrar a cabeça a quem passa. Respeitinho é muito bonito e o fim numa panela não é propriamente dos mais desejados.Saudações gastronómicas do Serafim das Neves

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