Problemas sociais continuam por resolver
Freguesia de São João Baptista, em Abrantes, é a mais pequena do concelho
A freguesia de São João Baptista é a mais pequena do concelho de Abrantes. Apesar de se situar na cidade, subsistem problemas sociais graves e nalguns arruamentos ainda não há saneamento básico.
A beleza de Abrantes não pode fazer esquecer os problemas sociais que continuam a existir nos bairros periféricos da freguesia de São João Baptista, sediada na própria cidade. No Bairro Social e em Barreiras do Tejo há famílias a viver em casas degradadas e o saneamento básico ainda não chegou a todas as ruas.É a freguesia mais pequena do concelho de Abrantes e a oitava em população. A freguesia de São João Baptista situa-se no centro histórico da cidade e desce em linha recta até ao rio abrangendo as Barreiras do Tejo. Começou por ser uma freguesia paroquial e os primeiros registos remontam ao século XII. Do seu património arquitectónico fazem parte a igreja de Santa Maria do Castelo e a de São João, ambas classificadas como monumentos nacionais.A beleza citadina, o arranjo das ruas e praças do núcleo histórico não fazem esquecer os problemas sociais dos bairros periféricos e de Barreiras do Tejo. O presidente da junta, Alfredo Santos (PS), afirma que o trabalho social vai ser a sua principal aposta se vencer as eleições de Outubro.Dos anos que tem estado na presidência da junta, três mandatos e sempre pelo Partido Socialista, Alfredo Santos sente que tem cumprido o seu dever. “Encetámos uma nova forma de fazer política, só prometemos o que podemos cumprir e as pessoas têm acreditado em nós”, diz manifestando um certo orgulho.Quando chegou à presidência da junta, São João era uma “freguesia esquecida”. Não havia iluminação, nem saneamento básico, nem ruas alcatroadas no bairro social nem nas Barreiras e ainda hoje há zonas onde estas infraestruturas básicas não existem. “Mas temos feito muito, não fazemos mais porque não temos possibilidades financeiras”, continua o autarcaPara esta autarquia de apenas 2,1 quilómetros quadrados e uma população residente de cerca de 1.850 habitantes, segundo o censos de 2001, as transferências do fundo de equilíbrio financeiro (FEF) são diminutas, dado que as verbas são calculadas pelo número de habitantes e pelas vias rurais, praticamente inexistentes. Por outro lado, a freguesia de São João é a que tem menos protocolos assinados com a câmara. “Ando há oito anos para rever um protocolo sobre a limpeza urbana e ainda não consegui resolver o problema”, queixa-se Alfredo Santos que, apesar de ser socialista desde os 18 anos, não poupa críticas a algumas das atitudes do executivo camarário de maioria PS.A transferência financeira estipulada pelo protocolo abrange a limpeza urbana a sul da Avenida D. Leonor e a junta estende essa intervenção para norte. Com um orçamento de 29.112 euros e uma administrativa a tempo inteiro, pouca margem de manobra existe para obras e melhorias. “E muito temos feito”, recorda Alfredo Santos, dando como exemplo a recuperação da casa mortuária de São João. Para acentuar alguma diferenciação de tratamento que diz existir entre as várias freguesias do concelho, o autarca refere o processo de construção da nova sede da junta, a inaugurar brevemente no edifício de São Domingos, junto à encosta sul.Segundo Alfredo Santos, a todas as juntas de freguesia que construíram novas sedes a câmara deu o terreno e uma comparticipação financeira, a de São João só recebeu o terreno. “Que fique bem claro que não tivemos qualquer apoio financeiro, fomos nós que iniciámos as negociações com o construtor e depois a câmara seguiu o processo. Mas gostaria que não passasse a ideia de que a nova sede é uma obra da câmara, porque não é”, diz.Seja como for, a Junta de Freguesia de São João Baptista vai deixar o velho rés-do-chão da Rua Maria de Lurdes Pintasilgo (antiga Rua do Brasil) e mudar-se para novas instalações. Outras obras que estarão concluídas a curto prazo são as recuperações da escola dos Quinchosos – recorde-se que as crianças deste estabelecimento de ensino têm tido aulas no Regimento de Infantaria 2 – e a de Luís de Camões que irá funcionar como jardim-de-infância de São João, provisoriamente instalado no Convento de São Domingos.Apesar destas situações, a maior preocupação de Alfredo Santos são os problemas sociais, a que nem a câmara nem as entidades de assistência social têm dado, em seu entender, a devida atenção. “O Bairro Social pertence à Conferência de São Vicente Paulo, conseguimos requalificá-lo, mas há problemas sociais por resolver e nas Barreiras também. Ainda há algumas barracas e quando há crianças a habitar nesses espaços o problema torna-se mais grave”, afirma o autarca.A Associação Cultural e Recreativa de Barreiras do Tejo tem dado o apoio possível e adquiriu a custas próprias alguns computadores com ligação à internet. “Não receberam qualquer subsídio camarário para isso, mas o certo é que se não fosse a associação aquelas pessoas não tinham acesso às novas tecnologias. Não basta falar da sociedade de informação e da intenção de disponibilizar meios é preciso que eles fiquem ao dispor de todos, principalmente dos que menos podem”, concluiu.Margarida Trincão
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