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População perdeu a paciência

População perdeu a paciência

Obras da Refer deixam habitantes de Fungalvaz à beira de um ataque de nervos

A população de Fungalvaz, concelho de Torres Novas, perdeu a paciência. As obras na Linha do Norte acabaram mas os problemas subsistem. E se não forem resolvidos podem haver manifestações de desagrado.

São caminhos intransitáveis, pontes que abatem, um túnel que se enche de água quando chove e a inexistência de equipamentos básicos, como uma rampa de acesso ao apeadeiro. Os habitantes de Fungalvaz, concelho de Torres Novas, cansaram-se de ser “os bombos da festa” e na sexta-feira chamaram O MIRANTE para dizer de sua justiça contra o abandono de que estão a ser alvo.“Foram-se embora e deixaram isto numa miséria”, refere um habitante, apontando o dedo para a estrada que liga a aldeia aos concelhos de Ourém e Tomar. A culpa, dizem, é dos camiões ao serviço da Refer que, durante meses a fio, passaram por ali carregados de terra, pedra e betão, danificando o piso da via.Há cerca de três semanas, quando finalmente partiram, o piso da ponte da estrada que liga Fungalvaz a Chão de Maças (Tomar) abateu, tornando a via intransitável. Quem quisesse ir para o concelho vizinho tinha de fazer mais uma dezena de quilómetros.A situação foi remediada no final da semana passada, com a Câmara de Torres Novas a construir ao lado da ponte uma passagem provisória, de terra e brita, tapando o troço do ribeiro que por ali passa. Uma alternativa que está longe de agradar aos habitantes. Dizem que o caminho foi feito à pressa e sem condições de segurança, não há sinalização e, se chove, a terra irá abater com toda a facilidade.A chuva é também o principal “inimigo” do túnel feito pela Refer para passagem de veículos e pessoas, por baixo da Linha do Norte. Além de não ter altura suficiente para passar um autocarro (notícia que o nosso jornal já deu conta, há meses atrás), o túnel fica com mais de meio metro de água quando chove, porque tem um escoamento deficiente.Dos deficientes motores, das mães com carrinhos de bebés e da população mais idosa esqueceu-se também a Refer, quando fez as obras de requalificação do apeadeiro. O acesso ao apeadeiro é feito por uma longa escadaria, com os habitantes a reclamarem uma rampa. “Não exigimos mais que o cumprimento da lei”. O marido de Maria Dias da Conceição é um dos penalizados pelo facto de não haver alternativa à escadaria que leva ao apeadeiro. O senhor, que está hospitalizado para ser sujeito a uma operação às pernas, tem de ir de táxi até Tomar para apanhar o comboio para Lisboa. Porque não consegue subir as escadas do apeadeiro.“Desde que começaram as obras, a CP tirou-nos a maioria dos comboios porque só havia uma via disponível. Noite e dia não conseguíamos dormir com os camiões a passarem nas estradas e as máquinas a trabalhar. Agora continuamos sem comboios, temos as estradas intransitáveis e maus acessos ao apeadeiro. Acha que estamos satisfeitos?”, pergunta António Coelho.Insatisfeitos estão também os que percorrem a estrada para a aldeia vizinha de Vale Calvo, que têm de fazer uma verdadeira gincana devido aos enormes buracos que a via possui. O problema, dizem os moradores, é o facto de Fungalvaz estar no limite de dois concelhos – Torres Novas e Tomar – que “não se entendem” quando chega a hora de reclamar dos estragos feitos pela Refer. “Morássemos nós na cidade e isto já estava tudo arranjado”.Os habitantes esperam que a Refer reponha os estragos rapidamente. A paciência está esgotada e, se as coisas não forem feitas, há quem avance já com formas de luta mais drásticas, como boicotar a circulação dos comboios. O MIRANTE contactou a Câmara de Torres Novas para fazer o ponto de situação relativamente às estradas danificadas mas até à hora de fecho desta edição ninguém se mostrou disponível para comentar.Em declarações ao nosso jornal a Refer informou que os trabalhos de construção da rampa terão início em breve. Quanto ao arranjo das estradas, o assunto está a ser articulado com as autarquias.Margarida Cabeleira
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