O presidente da Junta da Fajarda vai recandidatar-se às eleições autárquicas de Outubro para tentar conquistar o quarto mandato à frente da autarquia, onde está desde 1994, “como independente eleito pela CDU e a pedido de muita população e da concelhia comunista”. Aos 53 anos, caso vença, o autarca deve cumprir o último mandato na junta se a limitação de mandatos proposta pelo Governo for avante. Restrição que considera uma imposição. “Se as pessoas não gostarem do que faço certamente não me elegem. É uma questão de democracia”, contesta.A mesma liberdade que teve quando, aos 17 anos, deixou a família e a agricultura para ir trabalhar para a So-ciedade Lisbonense de Metalurgia. Ali dedicou-se à pintura na construção naval nos estaleiros da Lisnave e da Setnave. “Ganhava 20 escudos por dia na agricultura e fui receber 91$20 como operário”, recorda. Verba que conseguia dobrar quando, em serviço na refinaria de Matosinhos, ganhava prémios por trabalhar em altura, a mais de 100 metros do solo.A conselho médico, e devido ao ambiente tóxico em que trabalhava, abandonou a metalurgia aos 37 anos e dedicou-se de novo à agricultura, primeiro no comércio e, depois, como produtor e vendedor de pêssegos e ameixas (fruto de que possui 14 variedades diferentes), que são vendidos no mercado abastecedor da Malveira. Uma actividade que desempenha de Maio a Setembro, desde há 15 anos. O trabalho na junta de freguesia é actualizado todas as manhãs.Apesar de bastante activo, Ilídio Serrador apanhou um grande susto o ano passado quando lhe foi diagnosticada uma doença rara. Por falta de plaquetas no sangue teve de fazer uma operação para retirar o baço. A segunda intervenção cirúrgica decorreu há cerca de um mês e o autarca diz já sentir-se bem, apesar do risco elevado por que passou.Casado e com duas filhas de 28 e 33 anos, Ilídio Serrador é adepto do Benfica. Não se considera fanático mas ficou contente com a vitória dos encarnados no campeonato, e até teve pena que o Sporting não ganhasse a Taça UEFA. O autarca é ainda presença habitual nos jogos do Coruchense, no velhinho Horta da Nora. Outra forma que tem de aproveitar os tempos livres é lendo a imprensa diária e semanal, assim como os telejornais para se manter actualizado. Confessa não ligar a programas de cariz “popularucho”. As suas férias costumam durar apenas uma semana por ano, altura em que aproveita para fugir à rotina de muitos portugueses, não sendo grande adepto de ficar na praia vários dias. “Prefiro passear pelo país com a esposa e casais amigos à descoberta de regiões. O ano passado, durante cinco dias, passei por Castelo Branco, Guarda, Almeida, até Bragança, uma incursão à Galiza, depois Chaves, Porto e de volta para baixo”, lembra. Os dois dias restantes são dedicados ao sul do país.Cantador do Rancho Folclórico da Fajarda desde 1979, Ilídio Serrador admite que sempre teve ouvido para a música e, durante uns tempos, também deu voz ao grupo de Cortiçadas do Lavre. Razão pela qual é a voz dos fajardenses nas actuações pelo país e ilhas.