“A minha lista não será uma feira de vaidades”
Moita Flores deixa o recado para o interior do PSD
Moita Flores quer uma equipa para trabalhar e não para se pavonear. E garante que se não ganhar assume o lugar de vereador da oposição. A escrita vai continuar a fazer parte da sua vida.
Está a ser difícil escolher os “actores certos” para esta produção, que é a lista que lidera à Câmara de Santarém apoiada pelo PSD?Não está a ser difícil nem fácil. Ainda não pensei nisso. Sei que há muita gente nervosa com isso, mas há uma coisa que é preciso perceber: não estou disponível para criar listas para dar lugares a pessoas mais importantes ou menos importantes.É o senhor que vai conduzir o processo?Quando chegar a hora constituirei a lista das pessoas com as quais sinto a maior empatia, porque é uma equipa para trabalhar. Pessoas dispostas a trabalharem muito e a pavonearem-se pouco. Tem consciência que vai afrontar algumas clientelas partidárias?Trato toda a gente com estima e delicadeza. Afronta-me é a mim quem se quiser impor numa lista que é de trabalho e não uma feira de vaidades. Se isto fosse uma passagem de modelos tínhamos de negociar os mais bonitos, se fosse uma feira de vaidades tínhamos de discutir os mais vaidosos. Mas aquilo que eu vou fazer é uma lista de trabalho e eu só trabalho com quem me sinto melhor. São quatro anos de grande sacrifício e de muito trabalho.Se for eleito presidente da Câmara de Santarém vai continuar a escrever ou passará só a assinar despachos?Uma das condições que pus para perceber se podia candidatar-me era se podia continuar a escrever. Posso prescindir com saudades das minhas aulas e das minhas investigações, mas não sou capaz de prescindir da escrita, que é a paixão da minha vida. Não vou deixar de ser escritor e acho que não fica mal à Câmara de Santarém ter um presidente escritor que pensa o humanismo através da escrita.E se não ganhar, vai assumir o cargo de vereador?Nem ponho essa questão porque vou ganhar… Essa é uma resposta confortável.Não é confortável, é que vou ganhar. E se num cenário muito negro, que não se prevê, isso acontecesse, com certeza que assumia o cargo de vereador e de uma forma activa e construtiva. Não permitiria muitas das coisas que se têm permitido, por omissão, por conveniência, por cumplicidade.Isso é uma crítica aos actuais vereadores da oposição?De certa forma. Não consigo aceitar nem compreender que a oposição deixe passar vinte e tal alterações ao orçamento num ano. Aquilo deixou de ser um instrumento legal para passar a ser um livro de mercearia. Isso revela uma total irresponsabilidade em relação à feitura do orçamento e uma total irresponsabilidade ao nível da gestão. Quando uma oposição permite uma coisa destas está a colaborar muito, não está a prestar um bom serviço a concelho.Já conhece bem o concelho? Tem-se esforçado para decorar o nome das 28 freguesias?Conheço o concelho como o presidente da câmara não conhece. Porque o presidente da câmara não vai lá. Agora começou a ir porque é ano de eleições. Mas aparece em passo de corrida porque lhe vão perguntar pelas dívidas que não paga. Conheço todo o concelho e não foi preciso decorar nomes porque ando muitos quilómetros por aí. E não é em campanha eleitoral. Já está preparado para correr tudo o que é festas e romarias em campanha?Não vou entrar nesse populismo barato. Só irei às festas a que for convidado. Tenho por princípio só ir aos sítios a quem me convidam. Apareço nas freguesias para discutir problemas, para tentar soluções, para tentar resolver caminhos, seja qual for a sua cor política. Nunca irei apenas para fazer de odalisca numa procissão de Carnaval.E os convites têm surgido?Tenho tido muitos convites, de muita gente. E vou de acordo com critérios de participação na vida das pessoas e não para lhes ir buscar votos. O senhor presidente da câmara nunca foi a festas dessas, mas vai agora a todas e ainda faz outra coisa interessantíssima…Qual é?Tornou-se num inaugurador de projectos a longo prazo. Nos últimos seis meses estamos a assistir a uma procissão de assinaturas de protocolos, quando não há um tostão para mandar cantar um cego. Não vou fazer um discurso populista. Vou fazer um discurso muito franco com as pessoas. Quem quiser vir nesta caminhada vem, quem não quiser tem toda a legitimidade para votar noutros. Se não votarem em nós que votem na CDU, no CDS, no PS ou no Bloco de Esquerda.Não deixa de ser uma mensagem curiosa.Temos uma das abstenções mais elevadas do país e é preciso a que as pessoas usem os seus direitos de cidadania. Não podemos continuar com taxas de abstenção a este nível e é esse o apelo que deixo. Este concelho foi-se demitindo em grandes vagas. Temos de mobilizar essa gente toda para participar na vida pública.João Calhaz
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