uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Projecto Verica aguarda financiamento

Projecto Verica aguarda financiamento

Valorização energética dos resíduos da indústria dos curtumes precisa de 4 milhões

Aproveitar os resíduos das indústrias de curtumes de Alcanena para produzir energia é um dos objectivos do projecto Verica, que está a ser desenvolvido por um conjunto de entidades.

A necessidade de encontrar uma solução para os resíduos industriais dos curtumes com benefícios ambientais e económicos foi o principal motivo para o desenvolvimento do projecto Verica, cujo estudo está concluído e testado, mas que necessita de um investimento de quatro milhões de euros para ser implantado.O projecto Verica (Valorização energética dos resíduos da indústria de curtumes) consiste na transformação das chamadas raspas verdes (gorduras que chegam às fábricas agarradas às peles), das lamas da estação de tratamento de águas residuais (ETAR), de efluentes das pecuárias e de outros resíduos em energia. Este aproveitamento faz-se através da digestão anaeróbica (reacção bioquímica feita por diversos tipos de bactérias na ausência de oxigénio). Desta reacção resulta o biogás que, através de um cogerador, é transformado em energia eléctrica.O sistema poderia ser implantado junto da ETAR de Alcanena, mas requer um financiamento de quatro milhões de euros. Para já existe um protótipo de bancada construído no CTIC – Centro Tecnológico da Indústria do Couro que coordenou este projecto, desenvolvido em colaboração com o Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação (INETI), Luságua, Instituto da Água, Associação de Utilizadores do Sistema de Tratamento de Águas Residuais de Alcanena (AUSTRA) e a empresa sueca AnoxKaldness. O Verica foi apresentado durante um colóquio sobre energias renováveis, realizado no âmbito da Festamb, Festa do Ambiente, que decorreu recentemente em Alcanena.Segundo os promotores do projecto, a instalação do sistema iria trazer benefícios económicos dado que teria autonomia energética, o excedente da energia poderia ser vendido para a rede eléctrica nacional (REN) e aumentaria a vida útil do aterro e da ETAR. Em termos ambientais reduziria os cheiros provenientes do aterro de raspas verdes, a contaminação dos lençóis freáticos e acabaria com a distribuição de raspas pelos terrenos, que provoca o cheiro nauseabundo quando se circula na A 1 próximo do nó de Torres Novas.A produção de energia utilizando efluentes existe em alguns pontos do país, nomeadamente nas suiniculturas, como é exemplificado com a Estação Colectiva de Tratamento de Efluentes Suinícolas de Alcobertas, concelho de Rio Maior.O investigador e docente da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Leiria, Paulo Gata Amaral, traçou o panorama do país em termos energéticos. Portugal importa cerca de 90 por cento da energia primária que consome, com a agravante de ser proveniente, na sua quase totalidade, do petróleo e seu derivados. E sendo Portugal um dos signatários do protocolo de Quioto e tendo aderido à Directiva Europeia de Produção de Electricidade de Origem Renovável obriga-se a desenvolver fontes de energias renováveis.Mas além de investir em novas fontes energéticas - e Portugal desperdiça um dos seus grandes recursos, o sol - é necessário reduzir os consumos. “Temos de gastar menos, a energia solar, a energia das marés e a eólica são campos a explorar, mas sem sermos escravos é necessário reduzir os consumos”, afirmou.Nos últimos anos, os consumos de energia nos sectores agrícola e industrial diminuíram consideravelmente, mas em compensação aumentaram os gastos em transportes e em residências.Margarida Trincão
Projecto Verica aguarda financiamento

Mais Notícias

    A carregar...