uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

As flores são uma paixão

Carla Garcia é florista em Tomar

O negócio das flores apareceu por acaso na vida de Carla Garcia. Mas foi amor à primeira vista. Há cinco anos não identificava uma planta pelo nome, hoje passa o tempo livre a visitar feiras e exposições e a pesquisar na Internet tudo o que diga respeito a flores.

É uma paixão recente mas assolapada. Basta ver como Carla Garcia olha para as flores que tem na sua pequena loja, em Tomar, como fala das cores e das formas das “suas” plantas. Basta dizer que o pouco tempo livre que tem é dedicado a aprender mais sobre a sua profissão.Uma profissão que nasceu por acaso. Quando acabou o 12º ano inscreveu-se no centro de emprego, com o objectivo de arranjar um part-time que lhe possibilitasse a continuação dos estudos. A meta era tirar o curso de turismo, mas ficou-se apenas pelo primeiro ano. As grandes “culpadas” de não ter um canudo são as flores.Quando lhe telefonaram do centro de emprego perguntando se estaria disponível para trabalhar numa florista, Carla Garcia agarrou a oportunidade, mas a medo. Afinal, não percebia nada do ramo. “Na altura, o que mais me preocupava era o facto de não saber os nomes das flores”, confessa.Em três meses tornou-se uma expert no assunto. Tanto que, quando a proprietária da loja onde trabalhava decidiu passar o negócio, aconselhou o novo dono a manter a empregada. Até 2003 Carla foi a cara da loja de flores instalada no Modelo de Tomar. Mas acabou por desistir da sua paixão por motivos económicos. “A vida não estava fácil e propuseram-me um trabalho noutra área, a ganhar três vezes mais. Pensei muito mas acabei por aceitar”. A criatividade com que fazia os arranjos florais foi transferida para as Páginas Amarelas, onde Carla era responsável pela concepção dos anúncios. Mas as saudades das flores foram mais fortes.“O bichinho continuava dentro de mim”, diz, adiantando que não olhou para trás quando uma colega lhe propôs abrir um pequeno espaço de venda de flores e plantas na loja de decoração que possuía.Foi assim que, em Abril do ano passado, Carla Garcia inaugurou o seu cantinho florido. Apesar da crise, trabalho não lhe tem faltado. “Tenho meses piores mas há outros que compensam”. E quando se ama o que se faz vê-se sempre as coisas pelo lado mais optimista.É uma florista de mão cheia, com uma criatividade fora do vulgar. Consegue transformar um simples ramo de flores num arranjo que regala a vista. Talvez por isso seja muito solicitada para fazer buquês de noivas, arranjo de capelas e igrejas ou decoração de alguns eventos sociais. O que menos prazer lhe dá fazer são os arranjos fúnebres. Até há algum tempo atrás não conseguia lidar com a ideia de que aquele ramo iria adornar uma campa, destinado a alguém que já não o podia apreciar.Mas deitou a angústia para trás das costas e contornou a questão, fazendo palmas e coroas diferentes, com outro tipo de flores e mais alegres. Porque mesmo em dias de tristeza as flores têm de ser alegres.Adora todas as plantas e flores mas tem uma predilecção especial por túlipas e verdadeira adoração por todas as flores verdes. Tem dois fornecedores que passam todos os dias pela loja, de manhã e à tarde, garantindo sempre flores frescas, o que não a impede de algumas vezes durante a semana dar um salto aos três viveiros que a fornecem, em Lisboa, Coimbra e Batalha.É ao domingo que aproveita para visitar feiras e exposições de flores e plantas, sempre na expectativa de encontrar coisas novas e diferentes. “E encontro sempre”, garante.Em casa é uma consumista da Internet. É no computador que pesquisa todo o que diga respeito a flores, desde a sua origem, à plantação, propagação e possíveis maleitas. Tudo o que tira da Internet põe à disposição dos clientes. Na loja tem ainda um manual sobre plantas de interiores que os clientes podem consultar.Tem clientes fidelizados, que todas as semanas lhe compram flores, mas também aparecem os “chatos”. São aqueles que, semana a pós semana, entram na loja, olham todas as flores que tem e depois perguntam-lhe sempre por uma que, “por acaso”, não tem à venda. “Se não tiver rosas vermelhas é essas mesmas que pedem, mas só depois de verificarem que não há na loja”, diz Carla com um encolher de ombros.Carla fica aborrecida não pelo cliente sair da loja sem gastar dinheiro mas por fazê-la perder tempo. Ao invés, não se importa nada com uma pessoa que ali entre só para apreciar as flores. “Há pessoas que só aqui entram para ver as flores, dizem que se sentem bem ao olhá-las e isso eu entendo”.Aos 26 anos Carla Garcia diz ter encontrado a sua verdadeira vocação. E vive entre dois amores, as flores e o namorado. Que arrasta muitas vezes com ela, quando tem de fazer arranjos no exterior. “Ele dá-me uma grande ajuda”.Como o pai tem por hábito dizer, a florista não arranjou um emprego, mas muito trabalho. Mas o trabalho por gosto não cansa...Margarida Cabeleira

Mais Notícias

    A carregar...