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Não matem o centro histórico

Ausente de Santarém durante meses, encontrei a semana passada, na caixa do correio, uma circular do Senhor Presidente da edilidade com informações sobre o Largo das Amoreiras (actual Largo Cândido dos Reis). É uma saudável forma de esclarecer os cidadãos e faço votos para que a câmara continue nesse rumo por intermédio dos jornais, de circulares ou mesmo de reuniões públicas, quando se justifiquem.Compreendo e aceito a situação que era previsível já que, desde sempre, em qualquer escavação que se faça, apareçam vestigíos arqueológicos. O que me surpreendeu foi a amplitude dos trabalhos que destruiram, praticamente, o que restava do Largo das Amoreiras. Uma óptima zona que foi verde. Uma zona de lazer, antiquissíma. E mais surpreendido fiquei com a maneira como se pensa deixar a área.Estranhei eu que, precisando a cidade de estacionamento, como de “pão para a boca”, se tivesse acabado com os poucos lugares encostados ao quartel que foi convento. Nem ficou o lugarzinho, que em tempos e por descargo de consciência, se reservava às excursões ao Santissímo Milagre. Nem o lugarzinho, nem os sanitários, nem os bancos tradicionais, nem a Fonte do Boneco, nem muitas outras coisas. Acabam com aquilo tudo e lembram-se de coisas do “arco da velha”, a começar nos “esguichos intermitentes” e a acabar nas ciclovias. Isto numa terra onde a bicicleta só entusiasmou nos anos 30 pelas disputas nacionais do Nicolau do Cartaxo e do Trindade de Valada. Todos nós gostaríamos de espaços amplos de verdura, de muitas árvores e dos bancos cómodos à sombra. Mas isso... Infelizmente, nem sempre é possível juntar o útil ao agradável. Assim sendo, impõe-se a criação de uma ou mais áreas de estacionamento gratuito que “facilitem a vida aos visitantes do Santissímo Milagre, da Graça e das Portas do Sol. A estes, e subsidiariamente, os utentes diários da nossa Scálabis. Considero profundamente desumano e negativo obrigar quem vem à cidade a pagar estacionamento ou ter que ir para S. Clara ou para o Campo da Feira do Ribatejo quando é possível arranjar-se estacionamento mais perto.Está mais do que visto que a cidade velha tem que se adaptar os seus condicionalismos e não pode continuar a definhar dia a dia. Com obras permanentes nas principais vias, trânsito caótico, circulação perigosissíma e labirintíca, restrições de toda a ordem, num ambiente de pessimismo parece-me prioritário e urgente desentupir a cidade. Não é com “água de arroz” que se resolvem prisões de ventre. É com laxante.Mário Oliveira - Santarém

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