No cabide do gabinete está pendurada uma gravata em tons de verde. Joaquim Sampaio, presidente da Junta de Freguesia de Almeirim, só a usa em ocasiões especiais. Habitualmente veste-se num estilo desportivo, apesar de preferir as roupas de marca e não se lembra de ter feito compras numa feira. Nascido em 1951, Joaquim Sampaio começou a trabalhar com 12 anos de idade, numa época em que, diz a brincar, “não havia trabalho infantil”. A sua primeira experiência como trabalhador foi numa serração. Aos 15 anos foi convidado para ir para a farmácia Barreto do Carmo, onde esteve 33 anos até assumir a tempo inteiro a presidência da junta de freguesia. Enquanto vai contando a sua vida tem que interromper a conversa duas ou três vezes para atender fregueses que procuravam a sua ajuda ou para pedir apoio para actividades desportivas. Retoma as descrições dizendo que esteve na guerra colonial mas que não ficou muito afectado porque raramente ia para o mato. Foram 20 meses na Guiné, numa zona de intensos combates. Tinha a especialidade de análises e depurações de águas, mas raramente usou os conhecimentos que tinha aprendido na recruta. Não tinha era mãos a medir como enfermeiro, a outra especialidade militar que possuía. Quando se deu o 25 de Abril em Portugal ainda estava nas ex-colónias. É um socialista de convicção e de coração. Nunca lhe passou pela cabeça mudar de partido, apesar de ter sido assediado muitas vezes para mudar para o PRD, partido para o qual tinha mudado o ex-presidente da câmara, Alfredo Calado. Os dias de Joaquim Sampaio são divididos entre Almeirim e as Caldas da Rainha onde a mulher é professora. Aproveita todos os tempos livres para estar com ela. O filho mora em Toronto (Canadá). Quando pode vai ao cinema e ao teatro com a mulher. Há pouco tempo viu a peça “A minha tia e eu”. No capítulo dos filmes aquele que o mais marcou recentemente foi “O Aviador”. Gosta de ler, sobretudo jornais. Mas também passa os olhos por alguns livros. Recentemente leu o “Código Da Vinci”. Desporto é que não. É mais adepto, confessa, do “desporto de sofá”. Gosta de ficar a relaxar sem fazer nada, a olhar para a televisão ou a passar pelas brasas. O convívio é uma das suas paixões e por isso algumas vezes junta-se em petiscos com os amigos. Joaquim Sampaio, que vai no terceiro mandato à frente da junta de freguesia, costuma jogar no Totoloto e às vezes no Euromilhões. Se lhe saísse o primeiro prémio “ajudava muita gente”, sobretudo o filho que está em início de vida. No plano dos desejos gostava que toda a gente vivesse bem e que “o Governo conseguisse endireitar o país”. Confessa que é um pouco esquecido, por isso usa a agenda do telemóvel. Não se considera uma pessoa materialista. “Gosto mais de oferecer presentes”, sublinha. Apesar de não ser um católico praticante, considera-se um homem de fé e vai algumas vezes a Fátima pôr velas.