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Apanhou caracóis no cemitério para comprar os primeiros botins

Mário Coelho cresceu numa família pobre
Um dia passou pela rua de Baixo e viu uns botins em pele que lhe prenderam o olhar. Era o seu sonho de criança ter uns botins de toureiro iguais aos que calçavam as figuras do momento e os aficionados mais abastados. “Custavam 60$00 e eu não tinha nem seis tostões”, recorda. Mário Coelho falou com o sapateiro, mas não o conseguiu convencer a guardar os botins. O rapaz esguio e cheio de energia pensou nas várias formas de juntar dinheiro e resolveu ir apanhar caracóis. Só que o negócio tinha muita concorrência. “Toda a gente andava aos caracóis”, recorda. A criatividade, bem exposta nas arenas, levou-o a procurar uma alternativa. Resolveu ir apanhar caracóis no cemitério de Vila Franca. Ali sabia que ninguém o fazia. Em várias jornadas de trabalho durante dois dias conseguiu juntar dezenas de quilos de caracóis que lhe valeram 70$00 nas tabernas do Mil Homens. O taberneiro garantiu que nunca tinha servido caracóis iguais. “Estavam muito gordos e grandes”, explica Mário Coelho. O comerciante insistiu para que revelasse o local onde tinha apanhado os caracóis, mas o toureiro fez um câmbio e desviou a conversa. Mário Coelho correu para o sapateiro e os botins ainda lá estavam. Nessa noite dormiram a seu lado e, 60 anos depois, ainda os guarda. “Foram a minha primeira peça”, frisa.Esta e outras memórias da vida do toureiro estão no livro “Da Prata ao Oiro” que foi lançado na segunda-feira, 27 de Junho, em Lisboa e será apresentado no dia 2 de Julho em Vila Franca de Xira.

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