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Quarenta crianças em risco de não poder jogar

Exames médicos condicionam inscrição de jogadores da Escola de Tomar

Quatro dezenas de crianças inscritas na Escola de Futebol de Tomar correm o risco de não poder jogar na próxima época devido à indisponibilidade da maioria dos médicos do centro de saúde da cidade em passarem o obrigatório exame médico-desportivo.

Alguns médicos do Centro de Saúde de Tomar recusam-se a fazer os exames complementares para a prática desportiva, baseando-se num parecer da Ordem dos Médicos, que refere que este tipo de exames devem ser realizados por médicos do colégio de medicina desportiva.Devido a esta situação cerca de 40 crianças que frequentam a Escola de Futebol de Tomar correm o risco de não poderem ser inscritas na Associação de Futebol.A recusa dos clínicos já vem do ano passado. Nessa altura, para colmatar a questão, os responsáveis da escola recorreram ao Centro de Medicina Desportiva de Lisboa para a realização dos obrigatórios exames médico-desportivos. Só que, contrariamente ao ano anterior, este ano aquele organismo decidiu só aceitar marcações de exames médico-desportivos a atletas com mais de dez anos de idade. Esta decisão impede que os atletas nascidos em 1996 e 1997 (escalão de escolas na época 2005/2006) possam inscrever-se.Inconformada com a situação, a Escola de Futebol de Tomar enviou uma exposição ao Instituto de Desporto de Portugal, que por sua vez questionou o Centro de Medicina Desportiva de Lisboa. A posição deste organismo é bem clara – as crianças até aos dez anos de idade devem fazer o rastreio clínico através dos médicos dos centros de saúde e pediatras, “dado terem esses médicos um melhor conhecimento da evolução do seu crescimento e dos seus antecedentes”.No ofício enviado à Escola de Futebol de Tomar o director do Centro Nacional de Medicina Desportiva refere ainda que, do ponto de vista técnico, estes grupos etários não se enquadram no espírito e vocação do centro, que rastreia fundamentalmente candidatos para desporto de competição.E fundamenta a sua decisão no parecer da Procuradoria Geral da República (74/2001) onde no ponto quarto se refere não ser exigida “especialização ou uma particular qualificação médica para a realização do exame de avaliação médico-desportiva geral, a que se refere o decreto-lei 345/99”.Este é também o entendimento a Administração Regional de Saúde de Santarém (ARSS). O responsável pela área da medicina desportiva afirmou ao nosso jornal que na esmagadora maioria dos centros de saúde da região os médicos de família fazem este tipo de exames. Salientando que a ARS está a trabalhar no sentido de resolver a situação no Centro de Saúde de Tomar, António Lourenço adiantou que a sub-região de Santarém foi das poucas a nível nacional a emitir orientações aos clínicos sobre esta matéria.“Estamos convencidos de que a situação se resolve rapidamente e de forma satisfatória para as crianças”, ressalva António Lourenço, não perspectivando no entanto uma data para a resolução da questão. Até porque a actual directora do centro pôs esta semana o seu lugar à disposição. Uma situação que, apesar de a sub-região de saúde de Santarém garantir nada ter a ver com esta questão, poderá não ser simples coincidência. Manuela Norte sempre afirmou publicamente ser contra a realização dos exames complementares médico-desportivos pelos médicos de família.João Damásio, director executivo da Escola de Futebol de Tomar, também está convicto de que as coisas se resolvem. Só receia é que a solução apareça só depois das férias de Verão. E nessa altura, será tarde demais para quarenta pequenos jogadores de futebol.

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