Li as declarações do senhor presidente da Câmara de Benavente sobre as tradições locais, na entrevista publicada na semana passada, e fiquei admirado por ele ter desvalorizado o papel que os novos residentes do concelho vão seguramente ter na redefinição das tradições e cultura locais.Concordo com ele quando diz que a defesa das tradições e costumes locais é a única forma de resistir à globalização. Vê-se que é uma pessoa de cultura. Mas acho que erra quando dá a entender que quem vem de fora é que tem que se adaptar. O desejo é compreensível mas insere em si uma vontade de anular o que essas pessoas têm incorporado em si próprias. As tradições de Benavente não são imutáveis. E ninguém pode acreditar que hábitos e costumes trazidos de outras zonas de Portugal e de outros países não se incorporarão no quotidiano da vila e do concelho. Isso seria acreditar que as actuais tradições que António José Ganhão classifica de “genuinamente populares” nasceram assim com o concelho. Basta olhar para a nossa história para ver o que tem acontecido. E não é necessário recuar muito. Basta ver, quando mais não seja a influência dos regressados das ex-colónias ou mesmo a das telenovelas brasileiras. Benavente não é um concelho impermeável.José Jorge Monteiro – Alverca