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Falta de espaço afasta investidores

Santarém não tem terrenos disponíveis para atrair empresas de grande dimensão

Um grande grupo económico espanhol está em vias de abortar a sua instalação em Santarém por não haver terreno disponível para a concretização de uma unidade industrial agro-alimentar.

A escassez de terrenos na zona industrial de Santarém poderá gorar um investimento de 6 milhões de euros de um grupo económico espanhol ligado ao ramo agro-alimentar que previa a criação de 120 postos de trabalho.Inicialmente, a hipótese encontrada para a instalação da empresa em Santarém, dada a falta de terrenos adequados na zona industrial, terá sido a cedência, “por um montante relativamente moderado”, da área onde actualmente funcionam os estaleiros municipais, que seriam transferidos para outro local. Uma situação que nos foi confirmada pelo presidente da Câmara de Santarém, Rui Barreiro (PS). Mas, entretanto, o redimensionamento do projecto por parte da empresa implicou uma área de construção maior, que inviabiliza a instalação nesse terreno municipal.O processo está actualmente em stand by mas o presidente do Núcleo de Santarém da Nersant (Associação Empresarial da Região de Santarém), João Lucas, teme que a empresa, líder ibérica em massas congeladas, tenha de optar por outra localização devido a falta de soluções em Santarém. Já o presidente da Câmara de Santarém afirma que até à data não houve uma resposta à proposta da autarquia - “que não seria a ideal, mas era a materialmente e legalmente possível para se concretizar rapidamente o investimento como nos disseram ser a pretensão do grupo catalão”.“Provavelmente, o preço também não seria suficientemente baixo para ser aliciante, mas o município de Santarém não está em condições financeiras para continuar a comprar terrenos a preços de mercado e vendê-los a valores simbólicos a grandes empresas, como aconteceu no passado recente”, acrescenta Rui Barreiro.O caso desta empresa espanhola é apontado por João Lucas para dar nota da sua preocupação pela falta de resposta da cidade à captação de investimento. O empresário revelou a O MIRANTE que conhece alguns casos de empresas que se querem instalar na cidade e acabam por ter de encontrar outras opções.Outro exemplo lapidar passa-se na própria zona industrial já consolidada, na Quinta do Mocho, onde as regras urbanísticas, que impedem a construção de instalações com um pé direito de mais de cinco metros de altura, são pouco atractivas reflectindo-se na procura. “Isso dá para construir armazéns, e maus”, diz João Lucas, esclarecendo que essa zona ainda tem algum espaço para crescer.Para contornar as condicionantes, alguns empresários avançaram por sua conta e risco, construindo instalações que estão ilegais. Como tal vêem-se impedidos de obter o licenciamento industrial, situação que só será ultrapassada quando for publicado o novo plano de pormenor da zona, que está quase concluído.A solução para todos estes problemas, diz João Lucas, passa por criar condições a quem quer investir no concelho. “A câmara tem que fazer a gestão da sua casa e criar um conjunto de produtos que possam atrair o investimento. Porque a área geográfica é excelente, mas depois o investidor não tem onde se instalar…”. Rui Barreiro diz que, a esse respeito a câmara continuará a “trabalhar afincadamente e faremos tudo o que for legal e financeiramente possível para atrair investimentos e criar riqueza para o concelho de Santarém”.A criação da zona industrial da Quinta da Mafarra, na periferia da cidade, bem como do parque de negócios de Santarém, nas proximidades da actual zona industrial, podem dar uma ajuda nesse sentido. Tal como o desbloqueamento da zona de desenvolvimento económico de Pernes, que não ata nem desata. O terreno comprado pelo município há alguns anos não é muito apropriado para esses fins, dado o desnível existente que obriga a grandes e onerosas movimentações de terras.“É um terreno que está há anos sem aproveitamento e Pernes definhou em termos económicos”, diz João Lucas, defendendo que a Câmara de Santarém deve direccionar os seus investimentos para o desenvolvimento económico que, na sua óptica, poderá ser a alavanca para o crescimento do concelho. “Se não se criarem condições no imediato Santarém não vai ter qualquer hipótese de crescimento”, reforça. Porque entretanto os investimentos vão passando ao lado.“Podemos dizer que temos muitos hectares para zonas industriais no concelho, mas depois não servem de nada. Entre o que está nos planos e o fazer vai uma distância muito grande”, conclui João Lucas.

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