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“Cada peça é um novo desafio”

A artesã Elisabete Martins cria peças originais em azulejo para a casa

O azulejo pode ter mil e uma utilizações na decoração. Que o diga a artesã de Azambuja Elisabete Martins, que transforma os quadrados de barro em peças originais.

Caixas de costura, relógios de parede, tabuleiros e até o jogo do galo. Para a artesã de Azambuja, Elisabete Martins, o limite da utilização do azulejo em peças de decoração é a imaginação.É na antiga salgadeira da bisavó do marido, uma arca de madeira onde os mais antigos conservavam a carne antes da massificação dos frigoríficos, que a artesã expõe alguns dos seus trabalhos artesanais em azulejo.O suporte das canecas de barro, o carrinho de mão onde expõe as telhas transformadas em peças decorativas, uma cómoda com tabuleiros de azulejo e um armário de loiça completa o mobiliário rústico da loja de artesanato na Rua Vítor Cordon, quase em frente à estação de comboios da vila.A oficina de trabalho de Elisabete Martins, 35 anos, funciona na cave da loja. É lá que tem o forno para confec-cionar os azulejos que transforma depois em objectos de decoração.É a artesã que amassa o barro vermelho ou branco e que aplica depois a técnica de aresta. Com o estilete afiado Elisabete Martins desenha no quadrado o motivo desejado. Depois de retirado o excesso de barro a peça vai ao forno e a artesã vidra o azulejo ou aplica-lhe areia ou pedaços de vidro que joga com cores vivas.A possibilidade de fazer peças únicas é a verdadeira paixão da artesã. “Dá muito gozo fazer o azulejo do princípio ao fim. Cada nova peça que faço é um novo desafio”, garante Elisabete Martins.As peças de azulejo originais, normalmente mais encorpadas que o azulejo industrial, são utilizadas pelas clientes para a decoração das paredes. Mas Elisabete Martins também confecciona conjuntos de azulejos artesanais para animar a barra de cozinhas ou casas de banho.As placas com os nomes das casas, números de polícia e painéis de azulejo também fazem parte do trabalho da artista, que só lamenta que muitos consumidores não valorizem o artesanato e prefiram comprar peças industriais só porque o preço é mais baixo.As madeiras que servem de suporte a alguns trabalhos, os pincéis e a tinta em pó que a artesã utiliza são caros e o artesanato também já se ressentiu com a subida dos impostos.Os dias festivos são os que levam mais clientes à loja. Turistas, mas também pessoas da terra procuram na loja de artesanato bases para levar à mesa, caixas de lápis, de guardanapos e até guarda-jóias originais. São trabalhos encaixados em suporte de madeira e efectuados sobre o azulejo já cozido, mais fino, que Elisabete Martins se encarrega de decorar. Em Novembro do ano passado a artesã de azulejaria decidiu abrir um espaço no prédio onde vive, para mostrar ao público a sua criação original a partir do azulejo. Logo por volta das oito da manhã Elisabete Martins desce do primeiro andar da Travessa da Oliveira ao rés-do-chão da Vitor Cordon onde funciona a loja de artesanato. A ideia de criar o seu próprio posto de trabalho surgiu depois de frequentar o curso de Azulejaria, Conservação e Restauro na Escola das Profissões, na Amadora, que lhe deu a possibilidade de estagiar numa empresa de azulejaria em Caneças, onde trabalhou cerca de dois anos.Antes disso já tinha passado nove anos da sua vida a pintar estatuetas em marfinite em Casais dos Britos, em Azambuja. Quando regressou ao trabalho depois de dar à luz o primeiro filho a empresa tinha falido. Já tinha o segundo filho quando decidiu aprender azulejaria.Hoje os seus dias são preenchidos com muito trabalho e contacto com os clientes. Há noites em que Elisabete desce até à oficina depois do jantar para pôr mais peças no forno. É preciso criar mais para substituir o que vai saindo da loja. Mas cada quadrado de barro é diferente do outro. Basta que as mãos e a imaginação de Elisabete assim o queiram.Ana Santiago

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