“Lembro-me de uma aldeia perdida na Beira, a terra que me viu nascer / Lembro-me de um menino que andava sozinho, sonhava vir um dia a ser / Sonhava ser cantor de cantigas de amor...”. Os versos pertencem à canção “Sonhos de Menino” de Tony Carreira e é autobiográfica. A criança da aldeia perdida é hoje um fenómeno de popularidade. O cantor vende milhares de cópias de cada álbum e os concertos atraem legiões de fãs.O caminho percorrido até à concretização do sonho não foi fácil. Em 1988 Tony Carreira aventura-se no mundo da música mas só em 1995 e com o álbum “Ai Destino” é que consegue chegar ao grande público. A partir daí o artista passa a somar sucessos com temas como “Adeus até um dia”, “Dois corações sozinhos” e “Sonhos de menino”.A acompanhar Tony Carreira ao longo deste percurso têm estado milhares de fãs que o apoiam incondicionalmente. Foi com este apoio que o cantor conseguiu encher espaços como o Pavilhão Atlântico, em 2003, para celebrar os 15 anos de carreira, ou o emblemático Olympia de Paris, em 2000.Em 1999 foi criado o Fã Clube do Tony Carreira, que hoje tem mais de mil pessoas inscritas. Crianças e adultos, homens, mas, sobretudo, mulheres que entre si partilham uma admiração genuína pelo cantor. Os membros do clube têm acesso a informação privilegiada sobre os passos dados pelo cantor e descontos em vários artigos.Anualmente o Fã Clube organiza um almoço de convívio. Os momentos marcantes deste encontro são registados e publicados no site oficial do artista, em www.tonycarreira.com. Aqui encontram-se também fotografias de concertos, videoclips, e a possibilidade de escutar todos os temas dos vários álbuns já lançados.E qual a razão para que Tony Carreira tenha reunido tantos admiradores à sua volta? As fãs falam que, acima de tudo, o artista popular cativa pela sua humildade e simpatia. A atenção que Tony Carreira dedica a cada fã fá-las sentir especiais e, por isso, vêem-no como um amigo. Por vezes, o cantor é mesmo considerado “uma pessoa da família”, como refere a fã Mara Martim (ver texto nesta edição). E depois há as letras. Temas românticos, com histórias de amores e desamores, onde os admiradores encontram a sua própria história ou a “história de alguém conhecido”, explica Inês Paulo, uma outra ferverosa seguidora da carreira do cantor. Entre os seus grandes sucesso contam-se o tema “Ai Destino” que relata a história de um amor infeliz (“Infortúnio do destino, esse meu passo infeliz / Fui amante atraiçoado, fui marido mal amado sem saber que mal eu fiz”). De marido “atraiçoado”, o cantor passa, em “Adeus até um dia”, a homem que abandona (“Adeus até um dia! Tenho pena mas não posso mais ficar / Adeus até um dia! Pode ser que nos voltemos a encontrar / Adeus até um dia! Já sabias que eu amava outra mulher”). Se esta é uma receita de sucesso para se singrar no mundo da música não poderemos dizer, mas pelo menos para Tony Carreira estes elementos têm sido fundamentais e, para os seus fiéis admiradores justificam todos os esforços feitos para o ouvir. Para falar com ele ou para lhe tocarem com a mesma devoção com que tocam num objecto sagrado.