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Fantasioso Manuel Serra D’Aire

O bispo de Leiria/Fátima abespinhou-se contra as acaloradas peregrinas que se arriscaram a entrar no santuário mariano em trajes mais próprios de praias e esplanadas. O meu homónimo bispo Serafim desancou forte e feio nas descaradonas, que têm agora muitos pais-nossos e avé-marias que rezar se querem ganhar o reino dos céus após tal pouca-vergonha.O bispo não referiu, mas não perdia nada em ter lembrado, o próprio exemplo de Nossa Senhora de Fátima, que se apresentou sempre aos pastorinhos de forma recatada e com indumentária a condizer. Não precisando de roupas berrantes e ousadas para fazer passar com mais facilidade a sua mensagem.Não sendo muito dado a missas, desta vez compreendo a posição obstinada do bispo, que aliás é tomada em defesa de todo o clero e em clara retaliação contra as pérfidas manobras do Demónio. Qual é o padre que se consegue concentrar na eucaristia se à sua frente tem uma teenager em mini-saia ou uma matrona de busto avantajado com um reduzido top? Sortudo Manel que estás a banhos, não sei como aguentei estas semanas longe do Ribatejo. Não me lixem! Pode haver recantos paradisíacos por esse mundo fora, como tu bem salientas e os jornais, revistas e televisões não se cansam de nos mostrar. Mas quem me tira uma volta pelas rotundas de Torres Novas, um safari pela Mata dos Sete Montes, em Tomar, ou um passeio todo-o-terreno no leito do Tejo, tira-me tudo. E os cartazes da campanha eleitoral, meu amigo? Se te delicias com os folhetos de propaganda turística, que dirás das mensagens dos nossos candidatos a autarcas, que prometem fazer de cada recanto da mais recôndita aldeola um paraíso na terra. E com muita competência, honestidade, amor, trabalho e outras qualidades dignas de um santo. O que aliás não surpreende, tendo em conta os milagres que os nossos autarcas habitualmente produzem. O mais habitual é o da multiplicação dos tachos e das dívidas, mas outros prodígios podem ser assacados a muitos exemplares da nossa fauna autárquica que nunca na sua vida pensaram regalar-se com metade das mordomias, descobertas e encobertas, de que usufruem.Só há uma coisa que nem com milagres lá vai. É a falta de originalidade da propaganda. Enquanto os candidatos andarem a prometer trabalho, competência, honestidade, rigor e eficácia continuarão a ser olhados como o José Peseiro seria se prometesse ganhar o título. Assim não vão lá…O povo gosta de mensagens que lhes toquem as entranhas. Que mexam com os seus sentimentos mais profundos que, como sabemos, pouco têm a ver com rigor, competência e afins. Experimentem, mensagens do género: “Votem em mim, porque eu quero ter um Volvo e ser conduzido por um motorista”; “Elejam o Zé, que eu dou-vos forrobodó todos os fins-de-semana com porcos no espeto pagos pela câmara”; “Precisa de um parceiro para o póker? Aposte em mim”; “Sem os vossos votos lá se vão as minhas férias nas Maldivas”; “Eu também mereço uma secretária como deve ser” ou, finalmente, “Se votarem em mim, de cada vez que for a Cabo Verde mando-vos um postal”.Isto sim são palavras fortes e directas ao coração a que nem o mais bronco fica insensível. Quem nunca sonhou em ter um belo carrão, uma boa e disponível secretária, visitar locais paradisíacos e ainda ganhar ajudas de custo com isso que atire a primeira pedra. Por isso não é de crer que fiquem chateados por verem outros a fazer pela vidinha. O que nos chateia mesmo é aquele palavreado todo para disfarçar o que toda a gente sabe. Digam o querem com clareza e vão ver que a gente não se importa…Um abraço do Serafim das Neves

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