Turismo em alta no Ribatejo
Hotéis da região com boa taxa de ocupação, apesar da crise
No pico do Verão, quando a grande maioria dos turistas procura o mar e as praias da costa portuguesa, há quem prefira descobrir o Ribatejo, à procura de descanso e lazer. Em época de crise, os hotéis da região agradecem a preferência.
Luís e Madalena Esteves almoçam descansadamente num dos restaurantes da zona histórica de Santarém. E nem as diabruras dos dois filhos de tenra idade lhes tiram o sossego. Por mais paradoxal que possa parecer, o casal fez as malas e em Agosto “fugiu” do local mais procurado no Verão – o Algarve. Residentes em Silves, Luís e Madalena têm praia todo o ano por isso, nesta altura do ano, preferem partir à descoberta do Portugal profundo.Chegaram na sexta-feira da semana passada e reservaram hotel até segunda, partindo então mais para norte. Como o casal algarvio muitos outros portugueses optam por passar uns dias de férias longe do bulício das praias e da confusão dos turistas.Os hotéis da região não estão cheios, mas atingem uma média de ocupação diária satisfatória e, em muitos casos, melhor que a registada no mesmo período do ano passado.Com o preço de um quarto duplo a custar 100 euros por noite, o Corinthia Hotel, o único quatro estrelas de Santarém, tem nesta altura 40 dos 105 quartos (incluindo cinco suites) ocupados. Vocacionado para um segmento de mercado basicamente empresarial, os clientes da unidade “transformam-se” em Agosto em turistas de calções e t’shirt. De acordo com as informações prestadas pelo hotel, as famílias são nesta altura quem mais os procura.Estrangeiros, particularmente espanhóis, mas também muitos portugueses que, como Luís e Madalena, procuram mostrar aos filhos as coisas boas que o país tem. “Costumam pedir mapas da cidade e sugestões, em termos de património histórico, gastronomia e vinhos”, refere Ana Fragoso, funcionária do Corinthia. Talvez porque os residentes na zona tenham mais informações do que os habituais guias turísticos.Disso mesmo se queixa o casal algarvio. Enquanto almoça, Luís Esteves folheia um volumoso guia mas fica decepcionado com a escassez de informação sobre Santarém. “Só tem uma página sobre uma cidade historicamente tão rica?”, questiona.A norte do distrito o “chamariz” turístico chama-se albufeira de Castelo do Bode. As unidades hoteleiras situadas nas suas margens confirmam a grande mais-valia. Como a Estalagem de Vale Manso, sobranceira à barragem.As suas cinco estrelas não assustam os turistas, que ocupam em Agosto 90 por cento dos 24 quartos (duas suites) da estalagem. Mercê da promoção que anualmente a unidade faz – pernoitas de sete noites pagam apenas cinco e de cinco noites apenas três – a média de permanência é, em Agosto, de sete noites. A 150 euros cada uma, um valor que é idêntico há três anos.A maioria dos clientes da estalagem (65 por cento) é portuguesa. O restante é uma mescla de nacionalidades, com destaque para os belgas, os holandeses e os alemães. De acordo com o director da unidade, os turistas que os visitam vão essencialmente à procura do que a albufeira lhes pode dar em termos de lazer.Do outro lado da albufeira, no concelho de Ferreira do Zêzere, a Estalagem do Lago Azul também não se pode queixar da falta de clientes. Nesta altura do ano a ocupação ronda os 60 por cento, apesar de um quarto poder custar entre 98,50 euros e 173 euros. “Este ano a taxa de ocupação é muito superior à do Verão passado”, refere um responsável da unidade.Em Agosto os clientes ficam pelo menos duas noites e a grande maioria é, mais uma vez, de nacionalidade portuguesa. Quase todos para cima dos 40 anos.A gozar a primeira manhã na região, Stefano recosta-se na espreguiçadeira junto à piscina do Hotel dos Templários, em Tomar. O italiano já esteve em Albufeira e na Nazaré e passou por Fátima, local onde o turismo é regular o ano inteiro.Foi lá que lhe recomendaram uma visita à cidade templária e o hotel com o nome da Ordem, que tem 40 por cento dos 177 quartos – ao custo diário de 108,70 euros por duplo – ocupados. E mesmo as seis suites duplex, que custam 167,90 euros por noite, registam boa ocupação. Aqui os turistas nacionais são em número idêntico aos estrangeiros. O cliente tipo em Agosto tem entre 30 a 60 anos, traz a família e vem pelo turismo histórico e cultural.Há no entanto hotéis na região que, pela sua especificidade, registam uma quebra de clientes no Verão. É o caso do Hotel Abrantur, na periferia de Abrantes. Em pleno Agosto, apenas 11 dos 54 quartos da unidade estão ocupados, apesar de ter um preço por noite mais baixo que os seus congéneres. Um quarto duplo custa 40 euros ao fim de semana e o valor sobe para os 55 euros durante a semana.E nem o pacote promocional de férias, que inclui meia pensão, traz mais clientes. A razão prende-se com o facto de o Abrantur, situado na zona da Central Hidroeléctrica do Pego, ser essencialmente um hotel de passagem, utilizado por quadros de empresas da região. Para Outubro, por exemplo, os 54 quartos da unidades estão praticamente já todos reservados, refere um funcionário do hotel.Margarida Cabeleira
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