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O braço direito do dentista

Elisabete Marramaque é assistente dentária e quer tirar um curso superior na área

Queria ser enfermeira ou veterinária mas uma gravidez e um casamento prematuros levaram-na a equacionar toda a sua vida. Hoje, Elisabete Marramaque veste a bata de assistente dentária e quer tirar um curso superior nesta área.

Elisabete Marramaque trabalha de bata branca vestida mas não é enfermeira nem veterinária, duas das profissões que, quando estudava, ambicionava ter. As contingências da vida levaram-na por outros caminhos e hoje Elisabete é assistente dentária numa clínica de Tomar.Quando andava na escola sonhava ser enfermeira ou veterinária mas um casamento e uma gravidez prematura levaram-na a adiar o sonho de um curso superior. Aos 17 anos estava já casada e com uma criança nos braços.Responsabilidades que a “obrigaram” a ficar em casa depois de acabar o 12º ano. “Na altura tomei a opção de ser dona de casa e cuidar da minha filha até ela ir para o infantário, aos três anos”, diz a assistente dentária, adiantando nunca se ter arrependido disso.Mas dona de casa não era emprego para uma jovem de pouco mais de 20 anos. Por isso Elisabete aproveitou o convite de uma conhecida e durante quase três anos trabalhou numa perfumaria.Ficou desempregada quando a loja ardeu, inscrevendo-se então no Centro de Emprego de Tomar. Quiseram que tirasse um curso de formação profissional vocacionado para lidar com crianças – auxiliar de acção educativa – mas Elisabete teimou que queria tirar informática. “Se calhar para lhes provar que apesar de loura não era burra”, diz a brincar.E provou-o, ao tirar a melhor nota do curso. Fez o estágio profissional numa empresa do concelho de Ourém mas não aceitou o emprego quando soube que tinha de trabalhar em Torres Novas. “Moro no norte do concelho de Tomar e além do combustível que gastava nas viagens, ia ter pouco tempo para a família”, diz.Foi novamente parar ao fundo de desemprego mas arranjou trabalho em uma semana, como assistente na clínica dentária de Salvador. Não fazia ideia do que a esperava mas não se assustou. “Nunca virei a cara à luta”.No primeiro dia, para “aquecer”, como diz, teve logo que assistir à drenagem de um abcesso mas, ao contrário do que esperava, a situação não lhe causou qualquer volta no estômago. “Acho que, quando a paciente entrou, a dentista deve ter pensado que, das duas uma, ou a loura (eu) desmaiava ou era boa para a profissão”, refere Elisabete entre risos.Uma assistente dentária é basicamente o braço direito de um dentista. Dá apoio a tudo o que seja necessário dentro de um consultório. Por exemplo, toda a parte da esterilização dos instrumentos é feita por Elisabete. “Sou responsável por deixar o material impecável e pronto para o próximo paciente”. Os instrumentos passam por várias fases de esterilização.Primeiro separa-se o material de cirurgia do restante, sendo colocados em líquidos diferentes e próprios para fazer a desinfecção, durante uma a duas horas. É depois todo lavado com água corrente e levado para a máquina de ultra-sons, onde fica durante meia-hora para “soltar” todas as bactérias.É lavado novamente e deixado a secar, em cima de uma toalha ou ao ar livre, sendo então colocado no auto-clave, um forno que se liga a altas temperaturas para “queimar” toda a bicharada que resistiu até ali. A seguir os instrumentos são ensacados e estão prontos a usar novamente.Do que Elisabete mesmo gosta é de ver uma boca feia ser transformada por um lindo sorriso. “Adoro as restaurações dentárias. Quando sei que no dia seguinte vai haver uma restauração dos dentes da frente, por exemplo, nem durmo de noite, ansiosa por ver o trabalho a ser feito”, diz a assistente dentária.Afirmando trabalhar com “artistas” na área da restauração dentária, Elisabete diz que toda a gente deveria procurar bons profissionais para tratar os seus dentes. “Um sorriso de dentes brancos faz qualquer pessoas parecer bonita”, refere.Mesmo trabalhando seis dias por semana, Elisabete ainda tem tempo para a família. E para fazer outras coisas que gosta. Como “brincar” às estilistas. Desde muito nova que sempre desenhou roupas e até já mandou fazer roupas com formas que ela própria inventou.E continua com a vontade de tirar um curso superior, agora mais ligado à área em que trabalho. Este ano ainda pensou fazer as provas de acesso à faculdade mas não conseguiu preparar-se a tempo.Porque, como diz, “nos dias de hoje tem de se ser profissionalmente multifacetada e estar preparada para fazer várias coisas”.Margarida Cabeleira

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